Medicalização, diagnóstico clínico e queixa-conduta – redes de significação em jogo

Abstract

Este artigo faz emergir uma rede discursiva entre o processo de medicalização, o funcionamento discursivo do diagnóstico clínico na contemporaneidade e um funcionamento particular de clínica médica sustentado por um atendimento do tipo queixa-conduta. Empreendendo uma Análise Discursiva, percorremos movimentos de sentido constitutivos da história da palavra 'diagnóstico', realizando um gesto analítico que retoma suas condições de produção e funcionamento na atualidade, explicitando efeitos da medicalização. Abordamos o atendimento queixa-conduta, no qual a posição-sujeito médico se insere em condições de produção para que o fármaco assuma o lugar da autoria na relação médico-paciente, impactado pelo próprio funcionamento do diagnóstico na atualidade. Resulta que esse funcionamento do diagnóstico na prática clínica implica um silenciamento do laço social e político pressuposto nessa prática, o que permite o estabelecimento do fármaco como lugar de enunciação dos procedimentos que visem à saúde do paciente.

Perfil de prescrição de benzodiazepínicos entre professores de medicina

“…26 Entretanto, o ambiente do ensino médico ainda se sustenta em currículos isolados, com atendimentos em ambulatórios e hospitais, baseado em consultas com especialistas e tratamento medicamentoso. 27,28 Além disso, o Estado, embora preconize o tratamento multidisciplinar e multiprofissional, não oferece os recursos necessários para a sua aplicação prática e organiza o atendimento a partir do modelo tradicional, sustentado na lógica de queixa e tratamento imediato, com recursos insuficientes para as intervenções não medicamentosas. 11,14,28 Com isso, o ensino médico proporciona poucas oportunidades de atendimento compartilhado entre médicos e outros profissionais da saúde e cria lacunas na valorização do trabalho multiprofissional.…”

A importância do raciocínio clínico para o aprimoramento profissional do fisioterapeuta na área da saúde

“…No diagnóstico médico, a transparência do achado clínico associado a patologia do indivíduo. O conhecimento atribuído ao médico revela o caminho que conduz o caminho da prática ética e clínica moldando a intervenção a seguir que será empregada ao paciente, que poderão ser através de intervenções médicas, cirúrgicas ou quaisquer condutas referentes à prática médica (Sancho et al, 2019).…”

(In)Visibilidade do usuário-trabalhador na interação com profissionais de saúde no contexto de uma Unidade de Saúde da Família

“…A formação biomédica tende a direcionar o foco do profissional para queixa comprometendo a visibilidade do usuário como um trabalhador 20 , comprometendo a oferta de suporte mais eficiente perante as múltiplas dimensões dos problemas de saúde dos usuários atendidos 22 . Centra-se no "fármaco" como oferta em troca do diagnóstico realizado para que a saúde seja possibilitada 23 . Aos olhos dos profissionais, esse parecia ser o recurso mais próximo ao seu alcance, restando-lhe, em meio ao silêncio posto ou à redução do diagnóstico a uma nosologia biomédica, "sustentar as condições de produção de um atendimento queixa-conduta" 23 (p. 10).…”

“…Centra-se no "fármaco" como oferta em troca do diagnóstico realizado para que a saúde seja possibilitada 23 . Aos olhos dos profissionais, esse parecia ser o recurso mais próximo ao seu alcance, restando-lhe, em meio ao silêncio posto ou à redução do diagnóstico a uma nosologia biomédica, "sustentar as condições de produção de um atendimento queixa-conduta" 23 (p. 10).…”