Esta pesquisa parte de um contexto de crescente interesse e intensas mudanças envolvendo questões relacionadas a gênero e sexualidade no Brasil, articulando essas temáticas com a antropologia do conhecimento. Tem como objeto empírico redes científicas, artísticas e ativistas que se entrelaçam a partir de obras escritas por praticantes de BDSM (bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo)/SME (sadomasoquismo erótico) que, ao produzirem contos, livros, blogs e sites de internet, colocam-se publicamente como tal e, eventualmente, disputam sentidos relacionados ao estigma e à patologização de suas condutas sexuais. A pesquisa focaliza processos sociais recentes na sociedade brasileira, tendo por objetivo geral colaborar para o conhecimento: 1) de mudanças nas convenções sociais de gênero e de sexualidade; 2) da multiplicidade e heterogeneidade das redes implicadas na produção das categorias relacionadas ao sadomasoquismo erótico e ao BDSM no Brasil no período da pesquisa; 3) da produção de sujeitos e "comunidades" relacionadas à sexualidade e estratégias de legitimação de condutas sexuais, sobretudo no diálogo com o campo científico. Além da análise de livros publicados entre os anos 1980 e 2000, a pesquisa contou com observação de redes de praticantes em ocasiões de sociabilidade online e offline durante o período desta pesquisa e análise de entrevistas e vídeos disponibilizados na internet.