Megaesôfago em cães

Abstract

Megaesôfago é o termo que se refere à dilatação e à hipomotilidade esofágica, resultante de distúrbio primário ou secundário. É classificado em congênito, adquirido idiopático e adquirido secundário. Constitui a principal causa de regurgitação através da boca ou das narinas, pois a hipomotilidade resulta em acúmulo e retenção de alimento e líquido no esôfago. Outras complicações associadas são tosse, corrimento nasal mucupurulento, dispneia, pneumonia por aspiração e emagrecimento progressivo. Tem sido descrito emalgumas raças de cães, como no Fox Terrier, Schnauzer, Pastor Alemão, Dog Alemão, Golden Retriever e Setter Irlandês, e em gatos é relativamente rara, sendo a raça Siamesa a mais predisposta. O diagnóstico baseia-se na análise dos sinais clínicos, anamnese e exames complementares como radiografias, esofagograma contrastado, endoscopia e cintilografia. O tratamento depende da etiologia, porém baseia-se em cuidados no fornecimento do alimento. A terapia medicamentosa está associada com as complicações. Até o momento, não há cura ou tratamento clínico que solucione a debilidade esofágica congênita; já no megaesôfago adquirido secundário há resolução, ou pelo menos melhora, quando a causa subjacente for tratada com sucesso. O prognóstico é ruim. A mortalidade está relacionada à pneumonia por aspiração, à falta de concordância com o proprietário e à desnutrição. Os procedimentos cirúrgicos não fazem parte da práticaclínica. A técnica da plicatura na parede esofágica foi criada por Meyer (1910) para redução do diâmetro luminal, através do pregueamento do tecido dilatado. O objetivo desta revisão é discutir o diagnóstico e os procedimentos clínicos e cirúrgicos, visando à orientação e a conduta diante do megaesôfago canino.

Megaesôfago em cães: Revisão

“…O megaesôfago idiopático é comparado frequentemente com a acalasia esofágica que acomete os humanos. Contudo há controvérsias, visto que na acalasia ocorre uma disfuncionalidade do esfíncter esofágico inferior, levando a disfagia (Tanaka et al, 2010;Torres, 1997). Já nos cães que desenvolvem a doença de forma idiopática não há um agente causador definido, ocorrendo assim de forma espontânea (Washabau & Day, 2012).…”

“…Apesar do pouco conhecimento que se tem, acredita-se que a causa congênita esteja relacionada a uma falha sensorial ou lesão no centro de deglutição (Torres, 1997). Outros autores postulam dizer que ocorre uma alteração do nervo vago (Tanaka et al, 2010;Torres, 1997;Washabau & Day, 2012).…”

“…A esofagite por refluxo também é relatada em casos de megaesôfago. É uma afecção inflamatória do esôfago, quando o estímulo agressivo é persistente ocorre uma lesão e após a cicatrização do esôfago pode levar a um quadro de estenose esofágica (Tanaka et al, 2010;Torres, 1997). A inflamação do esôfago é causada por conta do alimento que fica retido e do refluxo gastresofágico que insiste (Nelson & Couto, 2015).…”

“…Segundo (Tanaka et al, 2010;Torres, 1997) a manifestação clínica de maior frequência é a regurgitação. A mesma comumente sucede a alimentação, porém pode se apresentar algumas horas após (Crivellentin & Borin-Crivelletin, 2015).…”

“…O megaesôfago é caracterizado pela privação total ou parcial de atividade nervosa intramural esofágica (Tanaka et al, 2010;Torres, 1997). O comprometimento da motilidade leva a dilatação da estrutura por acúmulos de líquidos e sólidos no lúmen esofágico, visto que o peristaltismo é ineficiente (Tilley & Smith, 2015).…”