Esta dissertação teve como objetivo geral avaliar a saúde mental (SM) por meio da investigação dos sentimentos de isolamento, tristeza-depressão e ansiedade-nervosismo e associar com fatores sociodemográficos e comportamentais, estado de saúde e índice de massa corporal de uma comunidade universitária. Trata-se de um estudo observacional e corte transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), composto por uma amostra de 1655 voluntários, de ambos os sexos, com faixa etária de 17 a 72 anos, dos segmentos da comunidade acadêmica (discentes e servidores ativos) da UFV, nos campi Florestal, Rio Paranaíba-MG e Viçosa. Foi utilizada uma versão adaptada dos questionários “ConVid: Pesquisa de Comportamentos” e versão curta do “International Physical Activity Questionnaire” aplicados de forma online correlacionando a SM com fatores sociodemográficos, estado de saúde, COVID-19, comportamentos de rotina, de movimento e sedentários, sono, hábitos sociais e índice de massa corporal, assumindo o nível de rejeição de hipótese de nulidade de α=5% para as análises estatísticas. Os sentimentos foram avaliados individualmente por meio da regressão logística binária e de forma multivariada pela Análise Correspondência Múltipla. O modelo Two Step Cluster apresentou 7 classes ajustadas com a melhor medida de separação e coesão = 1,0 (Bom), valor de Bayesian Information Criterion igual a 236,511, razão do tamanho entre as classes de maior e menor prevalência igual a 13,65, as quais resultaram em 3 classificações da SM: “pior SM” com 54,7% dos participantes que sentiram “muitas vezes ou sempre” os sentimentos de solidão, tristeza, depressão, ansiedade e nervosismo; “moderada SM” com 34,1%; e “melhor SM” com 11,2% dos indivíduos que sentiram “poucas vezes ou nunca” os sentimentos. A regressão multinomial mostrou que a faixa etária até 39 anos (60 anos ou mais OR: 0,223; p<0,001; 40 a 59 anos OR: 0,168; p<0,001), sexo feminino (masculino OR: 0,288; p<0,001), apenas Ensino Médio completo (OR: 3,876; p<0,001), mantiveram a renda (OR: 3,281; p=0,0020) e a diminuíram (OR: 9,724; p<0,001), receberam Auxílio Emergencial (não receberam OR: 0,330; p<0,001), diagnóstico de doença crônica não transmissíveis (2 ou mais OR: 4,120; p<0,001; apenas 1 OR: 3,747; p<0,001), caso grave ou falecimento da família ou amigos (OR: 1,850; p<0,001), diminuíram o trabalho doméstico (mantiveram o trabalho doméstico OR: 0,349; p=0,035), moderada (OR: 5,985; p<0,001) e muita dificuldade na rotina (OR: 49,926; p<0,001), moderada (OR: 5,088; p<0,001) e muita dificuldade no trabalho e estudo (OR: 30,572; p<0,001), má qualidade do sono (OR: 13,487; p<0,001), não atingiram as recomendações de atividade física (AF) moderada (OR: 1,720; p=0,005) e AF vigorosa (OR: 1,787; p=0,001), ≥4horas/diárias de TV (OR: 1,941; p=0,002) e computador/tablet (OR: 2,131; p<0,001), eutróficos (sobrepeso OR: 0,68; p=0,039) apresentaram mais chances de serem classificados com pior SM que as classes moderada e melhor SM. Concluímos, a partir dos agrupamentos e das análises multivariadas, que as mudanças dos comportamentos, no estilo de vida e o impacto socioeconômico provocados pelo isolamento social da COVID-19, aumentaram as chances de percepções negativas nos sentimentos e na SM da população avaliada. Palavras-chave: Saúde Mental. Solidão. Depressão. Ansiedade. Atividade Física. Tempo de Tela. COVID-19.