#MeToo em Portugal: uma análise temática do movimento através de artigos de opinião

Abstract

O #MeToo é um dos movimentos feministas impulsionado pelo digital e com expressão glocal. Tornado viral através do Twitter, rapidamente ganhou visibilidade nos media tradicionais trazendo para a esfera pública a discussão de temas associados ao assédio e violência sexual. Tomando como ponto de partida a expressão pública nos media tradicionais do movimento #MeToo em Portugal entre 2017 e 2022, e com base numa metodologia qualitativa ancorada numa análise temática de 91 artigos de opinião dos jornais Expresso e Público, este artigo visa conhecer as especificidades do contexto português em torno das questões que envolvem o #MeToo e analisar as temáticas que foram evidenciadas nestes espaços. Ressalta-se o surgimento de três grandes temáticas: Assédio e Violência Sexual; Questionamento da (re)vitimização e normalização; Ambivalência dos feminismos no movimento #MeToo. Dos resultados, destaca-se a existência de discursos paradoxais sobre o movimento, os quais, por um lado, contribuem para a sua descredibilização, e, por outro, funcionam como motores para a consciencialização pública em torno das questões da violência e do assédio. Concluímos que os artigos de opinião têm o poder de influência tanto na cristalização de determinadas posições, como na mudança de atitudes e comportamentos da esfera pública, sendo estes promovidos pela autoridade e legitimidade de quem faz opinião nos jornais e tem a capacidade para tematizar o espaço público.

Our Hero and That Kind of Woman: Imaginaries of Sexuality, Masculinity and Femininity in the Discussion of the Rape Allegation against Cristiano Ronaldo in Portugal

“…Drawing on my previous research about the rape allegation against Cristiano Ronaldo, this study contributes to the scarce bibliography about the repercussions of #MeToo in Portugal (Almeida 2019;Cerqueira et al 2023;Garraio et al 2020Luppi 2021;Magalhães 2021;Prata 2021;Silveirinha et al 2020), more specifically about the role of the rape allegation against Ronaldo in shaping Portuguese subjectivities and perceptions of #MeToo (Garraio et al 2020Silveirinha et al 2020). In that sense, it is a contribution to the under-researched area of sexual violence in Portuguese society and mediascape.…”

“…In 2022 and 2023, debates about sexual harassment and abuse in Portuguese academia gained significant media attention in the context of the Lisbon Faculty of Law and the Center for Social Studies of the University of Coimbra' cases. 3 Despite these late arrivals, the global #MeToo movement had been articulated previously in Portugal on several occasions through different approaches and with different outcomes (Almeida 2019;Cerqueira et al 2023;Garraio et al 2020;Luppi 2021;Magalhães 2021;Prata 2021;Silveirinha et al 2020). Despite the reduced expression of #MeToo in the country, some studies suggest that the media coverage of the initiative contributed to the questioning of power structures and legislation (Almeida 2019) and to the revitalization of Portuguese feminist movements (Prata 2021).…”

Communicating through Cyberfeminism: Communication Strategies for the Construction of the International Feminist Strike in Portugal

“…Many studies have focused on how mainstream media visualize (or not) feminism and other social movements (Rhodes 1995;Pineda et al 2020;Cerqueira et al 2023), but we observe a certain gap in studies that focus on how the movements themselves articulate and communicate with their audiences. Therefore, it is our intention to identify (1) institutional and internal communication; (2) content production for online dissemination on digital platforms; and (3) mobilization strategies and action repertoires to provide significant contributions that augment our comprehension of its communication operational mechanisms.…”

“…Most studies that link feminism and social movements with communication have focused on the relationship between these organizations and mainstream media, and their practices of bias and invisibility (Pineda et al 2020;Cerqueira et al 2023). Others have explored the use of social media by social movements and feminist collectives as a space for positioning, resistance, and interactivity (Idoiaga Mondragon et al 2022;Fernádez-Romero and Sánchez-Duarte 2019;Reverter and Medina-Vicent 2022).…”