Resumo: A análise referente a participação das mulheres negras nas pândegas carnavalescas insere-se muito além dos interesses de grupo, considerando que os paradigmas sobre essas festividades e as questões de gênero e do feminino atravessam o assunto, inscrevendo o temário em reflexões transnacionais que envolvem protagonistas de espectros distintos. Neste texto, a intenção é articular esses campos, sem perder de vista as especificidades referentes às folionas afrodescendentes e seus percalços, que se manifestam, de imediato, nas limitações dos registros memoriais e da historiografia que transversalmente exploram o seu papel nesses folguedos carnavalescos manifestos na cidade de São Paulo. Nesse sentido, percebe-se uma leitura sexista e seletiva dos registros dessas participações e, ao mesmo tempo, tem-se uma memória fragmentária dessa participação que pouco foi alterada ao longo dos anos. Esse percurso será acompanhado entre os anos de 1921, data inicial da aparição de mulheres negras em um “cordão carnavalesco”, ao ano de 1967, data do encerramento dos carnavais “não oficiais” em São Paulo. Quem são, portanto, as mulheres negras que foram identificadas e dignas desse protagonismo?