Recebido em 11/7/01; aceito em 17/10/01 MICROWAVES IN ORGANIC SYNTHESIS. The application of microwave heating to organic synthesis is presented in a concise manner. Issues such as the history of the microwave oven, dielectric heating, reactions techniques (dry reactions, MORE chemistry), domestic ovens, microwave reactors, microwave effect and control of selectivities are discussed. Selected examples from the literature showed faster reactions, improved yields, less thermal degradations and cleaner reactions.Keywords: microwave heating; organic synthesis; green chemistry.
INTRODUÇÃOA utilização do forno de microondas de cozinha no preparo ou aquecimento de alimentos é um fato comum nos dias de hoje. O uso de microondas em química analítica já é conhecido desde a década de 70, sendo que entre as aplicações mais importantes podemos citar: a digestão de amostras para análise elementar, a extração de diversas substâncias e a desorção térmica de vários compostos 1 . O aquecimento por microondas também é largamente utilizado em escala comercial na preparação e secagem de alimentos 2 . Uma aplicação recente é a obtenção de produtos orgânicos em escala de laboratório usando o aquecimento por microondas, onde as reações são conduzidas em forno de microondas de cozinha ou em reatores especificamente desenhados para esta finalidade. Embora esta tecnologia seja parte do nosso cotidiano, como ela surgiu? Quem inventou o forno de microondas? Porque esta técnica despertou um interesse tão grande na área de síntese orgânica?Portanto, o objetivo deste trabalho é apresentar uma breve introdução sobre a utilização do aquecimento de microondas em síntese orgânica.
O QUE SÃO MICROONDAS?As microondas são radiação eletromagnética não ionizante, que possuem uma freqüência que vai de 300 a 300.000 MHz e que corresponde a comprimentos de onda de 1 mm a 1 m. A região de microondas situa-se entre a região de infravermelho e ondas de rádio no espectro eletromagnético 1 (Figura 1).
A INVENÇÃO DO FORNO DE MICROONDASCientistas britânicos durante a 2 a Guerra Mundial desenvolveram um dispositivo que gerava microondas chamado magnétron e que era o coração do RADAR ("Radio Detection And Ranging") usado para detectar aeronaves inimigas. O sistema funciona da seguinte forma: o objeto a ser detectado reflete o sinal emitido (as microondas) e o sistema de RADAR detecta o eco deste sinal, e com isto é possível saber a posição, forma do objeto, velocidade e direção de seu movimento.Havia uma necessidade urgente na Inglaterra de produzir o magnétron em grande quantidade e os cientistas britânicos entraram em contato com os Estados Unidos, de forma que pudessem usar o parque industrial americano para produzir este aparelho que era crucial na defesa da Inglaterra contra os ataques aéreos da Alemanha 3 . Após uma sugestão do laboratório de Radiação do M.I.T. (Massachusetts Institute of Technology), ocorreu um encontro de cientistas britânicos com um engenheiro chamado Percy L. Spencer (1894Spencer ( -1970 de uma pequena companhia americana chamada Raythe...