Mieloma Múltiplo e distúrbios da hemostasia

Abstract

O mieloma múltiplo (MM) é o tumor de células plasmocitárias que corresponde a aproximadamente 10% das neoplasias hematológicas. Durante o seu curso clínico, relata-se que 15-30% dos pacientes podem apresentar manifestações hemorrágicas, decorrentes de vários mecanismos fisiopatológicos. Até 1999, era descrito que os pacientes com MM ativo apresentavam incidência de até 10% de tromboembolismo. Porém, com a introdução da talidomida no arsenal terapêutico do MM, foi demonstrado aumento importante da freqüência dos eventos trombóticos venosos e arteriais, especialmente quando associada com outros medicamentos, alcançando a taxa de 35%. Várias medidas tromboprofiláticas farmacológicas foram empregadas visando reduzir essas intercorrências, com resultados variáveis. Até o presente momento ainda não se demonstrou qual o regime antitrombótico mais adequado. Recentemente, uma pesquisa entre membros do Grupo Internacional de Trabalho sobre Mieloma (IMWG) resultou em algumas recomendações terapêuticas. Esta revisão sobre as alterações hemostáticas observadas no mieloma múltiplo procurou abordar os diferentes mecanismos responsáveis pelas hemorragias e tromboses observados no MM, as medidas tromboprofiláticas farmacológicas descritas e seus resultados, e as recentes recomendações do IMWG.

Trombose venosa profunda em um paciente com reação hansênica em uso de talidomida e corticóide: um raro efeito adverso?

“…Os fatores tradicionalmente implicados na sua patogênese compõem a Tríade de Virchow, descrita em 1890, e caracterizada por estase, lesão endotelial e hipercoagulabilidade, podendo atuar de maneira isolada ou em conjunto na fisiopatologia da TVP. Além disso, há outros fatores de risco que, quando presentes, favorecem a ocorrência desta doença 13 . Entretanto, a TVP também pode ocorrer em pacientes sem qualquer antecedente ou predisposição.…”

“…Por conta da sua atividade antiinflamatória, principalmente devido a inibição da produção de TNFalfa 3,5,7,10,12,16 , esse agente é usado no tratamento do ENH. A atividade anti-angiogênica da talidomida, sugere seu uso para o tratamento tanto de doenças malignas sólidas quanto hematológicas 12 , como o mieloma múltiplo 13,18 .…”

“…A introdução da talidomida no arsenal terapêutico do MM, assim como no ENH, determinou um significativo aumento na resposta terapêutica dessas afecções 19 . Entretanto, observou-se maior incidência de eventos trombóticos nesses pacientes tratados, sobretudo quando a talidomida é associada a outros medicamentos 9,13 . A talidomida foi associada a episódios de TVP até 2 meses após sua introdução [7][8][9] , o que sugere que esses eventos trombóticos não tenham relação com a dose utilizada 13 .…”

“…Entretanto, observou-se maior incidência de eventos trombóticos nesses pacientes tratados, sobretudo quando a talidomida é associada a outros medicamentos 9,13 . A talidomida foi associada a episódios de TVP até 2 meses após sua introdução [7][8][9] , o que sugere que esses eventos trombóticos não tenham relação com a dose utilizada 13 . Esses episódios não são observados quando a talidomida é administrada isoladamente 5,14 , sugerindo que seu uso associado a agentes quimioterápicos e/ ou corticóides sistêmicos possam justificar os quadros de TVP observados 5,7,14,19 .…”

“…Outras afecções dermatológicas, sobretudo as inflamatórias 8 , tais como lúpus eritematoso, doença de Behçet, dermatite atópica 12 , entre outras, têm a talidomida como opção terapêutica, principalmente, quando os tratamentos tradicionais mostraram-se insuficientes 8 . Além disso, outro destaque é o seu uso em casos de mieloma múltiplo refratário 9,11 , obtendo boa resposta terapêutica 13 .…”