Resumo O objetivo deste artigo foi analisar as experiências psicossociais dos processos migratórios de haitianos e haitianas ao sul do Brasil, sobretudo por uma perspectiva interseccional de raça-etnia, gênero e idade. Foram entrevistados 15 migrantes, sendo nove mulheres, dois homens e quatro crianças, que residiam em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (RS). Os dados foram submetidos a análise temática indutiva, o que possibilitou a organização de três temas centrais: 1) as motivações para migrar do Haiti para a América do Sul; 2) os papéis de gênero e seus respectivos impactos nas vivências no Brasil; e 3) a rede de apoio reduzida e as experiências de xenofobia racializada. Discute-se em que medida as diferenças de gênero e etárias, associadas aos atravessamentos do fenômeno da xenofobia racializada, implicam em diferentes e singulares experiências psicossociais para haitianos em seu processo migratório para o Brasil, considerando que a maioria converge para uma posição de marginalização social.