A atividade de mineração, incluindo a de não-metálicos, tem uma participação expressiva no modelo de desenvolvimento vigente. As cavas de exploração da pedra São Thomé abraçam e se confundem com o município de São Thomé das Letras, sul de Minas Gerais. Este estudo, por meio de etnografia, teve o objetivo de investigar a percepção dos moradores do município em relação aos impactos da mineração nos âmbitos da saúde coletiva e da justiça ambiental, considerando a ocorrência de silicose nos trabalhadores do setor e a proximidade das frentes de lavra e do centro urbano da cidade. O trabalho de campo, realizado entre março e julho de 2017, se inseriu no cotidiano da comunidade e incluiu a observação como meio de conhecer melhor a realidade vivida em São Thomé das Letras. Nesse período foram realizadas entrevistas semiestruturadas, gravadas e não-gravadas, tanto com pessoas que trabalham ou já trabalharam na mineração como outros membros da comunidade. Para a análise dos dados foi utilizada a metodologia de análise de relatos orais, que possibilitou o tratamento das informações para atender ao objetivo da pesquisa. Moradores e trabalhadores percebem que a mineração influencia na saúde da comunidade e pelos relatos colhidos, observa-se que a questão da justiça ambiental é expressa nas falas. A análise também revela que a comunidade é refém da atividade de mineração, no modelo predominante, fonte de dor na paisagem humana e ambiental e de sobrevivência.