Mkwawa

Performance e Ancestralidade: o que a cosmologia bakongo ensina sobre a infância negra brasileira?

“…Os bakongo fazem parte do que se configurou como um grande grupo linguístico, histórico e cultural chamado bantu, um conjunto de sociedades africanas que compartilham um mesmo tronco linguístico, desde suas origens nos primeiros milênios antes da era comum (Fourshey;Gonzales;Saidi, 2019); hoje estão localizados em uma grande expansão territorial do continente, cobrindo os países da África Central, Centro-Ocidental, Oriental e Austral (Munanga, 2009). As línguas desse grupo refletem "[...] a organização de uma filosofia do ser humano, da coletividade humana e da relação desses seres com a natureza e o universo" (Cunha Junior, 2010, p. 26).…”

“…Pensando que este texto, no caso das crianças, vem da oralidade, a criança performer expressa, através do corpo, suas compreensões, aflições, conhecimentos, dúvidas, alegrias e se insere na comunidade a que pertence de maneira orgânica e circular, brincante e transitória, ora contando sua experiência -o texto -por meio de suas performances, ora envolvendo-se com todos os seus sentidos em experiências outras, como uma espectadora que não limita sua participação apenas ao que se pode escutar ou assistir. Pelo contrário, busca encontrar meios de imbricar-se ativamente nas dinâmicas 2019), há mais de 5.500 anos as comunidades do tronco linguístico bantu utilizavam em seu vocabulário palavras que indicavam a recorrência da participação ativa de espectadores durante as reuniões comunitárias ou ritualísticas, uma vez que participar de uma performance vai além da silenciosa ação de somente "[...] ouvir os fatos, mas de estar imerso nas palavras, nas imagens, nos sons e nos cheiros das histórias ou mitos narrados e encenados" (Fourshey;Gonzales;Saidi, 2019, p. 155).…”

Performance and Ancestral Heritage: what does Bakongo cosmology teach about black Brazilian childhood?

“…The bakongo are part of what was constituted as a large linguistic, historical and cultural group called bantu, a set of African societies that share the same linguistic trunk, since their origins in the first millennia before the common era (Fourshey;Gonzales;Saidi, 2019); today they are located in a large territorial expansion of the continent, covering the countries of Central, Central-Western, Eastern and Southern Africa (Munanga, 2009). The languages of this group reflect "[…] the organization of a philosophy of the human being, of the human collectivity and of the relationship of these beings with nature and the universe" (Cunha Junior, 2010, p. 26, our translation).…”

“…On the contrary, they seek to find ways to actively take part in the social dynamics. As pointed out by Fourshey, Gonzales and Saidi (2019), more than 5,500 years ago the communities of the Bantu linguistic trunk used in their vocabulary words that indicated the recurrence of active participation of spectators during community or ritualistic meetings, since participating in a performance goes beyond the silent action of only "[…] hearing the facts, but being immersed in the words, images, sounds and smells of stories or myths narrated and enacted" (Fourshey;Gonzales;Saidi, 2019, p. 155, our translation).…”

Saber-fazendo tambores com fogo

“…Em suas respectivas atividades, homens e mulheres observavam as restrições necessárias para proteger a fundição do poder da atividade sexual e da menstruação, que poderiam facilmente dissipar a energia e prejudicar a produção". (FOURSHEY;GONZALES;SAIDI (2019, p. 206 -207). da expansão Bantu de 100 a.C a 500 d.C, com múltiplos contatos que provocaram aprendizados consolidados nas tecnologias a partir de 500 d.C. Todavia, a prática de manusear o fogo não se apresenta apenas em ofícios tradicionais da cerâmica e metalurgia, como afirmam as autoras, mas envolve relações diárias e comuns que desde a tenra idade se tem contato no trato cotidiano acerca da alimentação, arquitetura e espiritualidade.…”