Mobilização e estruturação de competências para a preceptoria na residência multiprofissional em saúde

Abstract

Resumo A relevância e a complexidade do trabalho desenvolvido pelos preceptores nos cenários de formação do Sistema Único de Saúde vêm crescendo nos últimos anos. Ser preceptor é uma construção cotidiana que exige a mobilização de competências específicas, porém o processo de sua estruturação e as condições para que sejam apropriadas pelos preceptores precisam ser melhor estudados. Foi realizada uma investigação que objetivou compreender como são estruturadas competências para a prática da preceptoria na residência multiprofissional em saúde. A pesquisa é qualitativa, do tipo estudo de caso, com observações das atividades e entrevistas com preceptores de um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade no sul do Brasil. Para análise, foi realizada a triangulação dos dados e definição de categorias temáticas após verificação das observações, pela técnica de combinação de padrão, e das entrevistas, pela análise temática. Foram identificados três grupos de recursos: características pessoais, institucionais e programáticas; a trajetória acadêmica e profissional; as interações na residência e a colaboração da equipe multiprofissional. A elucidação desses elementos constitutivos da estruturação de competências contribui para que sejam explorados pelos preceptores na sua prática profissional, para as instituições de saúde, ao proporcionarem condições para o seu desenvolvimento, e para que sejam incorporados às políticas de formação em saúde.

Preceptoria em um Programa de Residência Hospitalar: significados e contribuições na ótica de enfermeiros preceptores

“…Tais pré-requisitos também são evidenciados em um estudo que avaliou a formação profissional em um PRS, onde o tempo médio de formação dos preceptores foi de 18,67 ± 10,38 anos e o tempo médio de experiência foi de 6,99 ± 6,66 anos, apontando para a presença de preceptores com experiência e domínio em sua área de atuação (Carvalho Filho, et al, 2022). Nesta perspectiva, a trajetória acadêmica e experiência profissional, enquanto características pessoais do preceptor, atuam na estruturação das competências para o desenvolvimento da preceptoria, proporcionando o compartilhamento das experiências do preceptor em relação à realidade do serviço em que o atua, podendo o residente identificar-se ou não com as atividades desenvolvidas por seu preceptor (Rodrigues & Witt, 2022).…”

“…Um estudo que objetivou apresentar ações para qualificar a preceptoria em um Programa de Residência em Enfermagem destaca a importância do preceptor realizar atualizações e capacitações profissionais em sua área de trabalho para qualificar sua aptidão para seu exercício profissional e, consequentemente, para o desenvolvimento da preceptoria (Araújo, et al, 2021). A literatura aponta que, prioritariamente, as instituições que ofertam PRS devem ser responsáveis pelas estratégias educacionais voltadas ao aperfeiçoamento dos preceptores, visto que a educação contínua destes profissionais viabiliza oportunidades para o desenvolvimento de habilidades e competências para a condução do residente em seu processo formativo (Rodrigues & Witt, 2022). Desta forma, as novas demandas para os serviços de saúde e a necessidade de reorganização dos processos de trabalho para que eles atendam às necessidades do SUS, exigem, cada vez mais, a consolidação das atividades de EPS nas Residências em saúde, identificadas como fortalezas na integração ensino-serviço-comunidade (Brasil, 2018;Ceccim, et al, 2018).…”

“…Por outro lado, também é encontrado na literatura que o preceptor é o profissional pertencente à academia, mas que se desloca ao serviço de saúde para acompanhar os residentes em suas atividades práticas, oferecendo apoio técnico-assistencial (Boyer, et al, 2017). No entanto, o que as várias vertentes concordam é que este conceito possui caráter pedagógico e está relacionado às imagens de profissional formador, como "docente-clínico", "educador", "facilitador", "apoio pedagógico", apontando-o como sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem no ambiente da residência (Rodrigues & Witt, 2022;Sousa & Cordeiro, 2020;Ceccim, et al, 2018;Boyer, et al, 2017;Antunes, et al, 2017;Autonomo, et al, 2015).…”

“…Assim, grande é a importância do preceptor como educador, oferecendo ao aprendiz ambientes que lhe permitam construir e reconstruir conhecimentos (Rodrigues & Witt, 2022). O preceptor ensina, realizando procedimentos técnicos e assumindo papel do docente-clínico, conduzindo a prática clínica e os aspectos educacionais relacionados a ela (Berger, et al, 2017).…”

Integração entre o ensino e o serviço na prática da preceptoria

“…Este, deve ser capaz de formar e orientar o aluno através de uma conduta que demonstre segurança na condução do processo de ensino-aprendizagem. O preceptor deve estar preparado para executar as atividades educacionais e oportunizar a formação humanista, generalista, crítica e reflexiva preconizada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN's) da área da saúde (Rodrigues & Witt, 2022;Arnemann, et al, 2018).…”