Rios amazônicos desempenham função estratégia no desenvolvimento da região. Estuda-los permite orientar na tomada de decisão em relação ao gerenciamento dos usos conflitosos dos recursos de uma bacia hidrográfica. No entanto, ainda é grande a falta de dados hidrológicos sobre eles, sobretudo em pequenas bacias. Um rio pode ter seus atributos alterados por outro através das características físicas de sua confluência e pelo fenômeno do barramento hidráulico. Esse é o caso de um afluente do rio Negro, o rio Tarumã-Açu, maior rio da zona urbana de Manaus, Amazonas – Brasil. O objetivo deste estudo foi analisar como o efeito de barramento hidráulico e as características morfológicas da confluência interagem com os parâmetros físicos do rio Tarumã-Açu. Para isso, foram realizadas quatro coletas de dados entre os anos de 2018 e 2019 utilizando o Perfilador Acústico de Corrente por Efeito Doppler (ADCP) de 600 kHz, em cinco seções transversais no rio Tarumã-Açu e no rio Negro, antes e após a foz do Tarumã-Açu, realizando medidas de vazão, velocidade e direção do fluxo, profundidade, largura, temperatura superficial e retorno do eco retroespalhado pelo equipamento (backscatter). Devido à ausência de medição de cota no rio Tarumã-Açu, somou-se a profundidade média com a elevação do leito para se obter o nível da água. O nível do leito, por sua vez, foi obtida através de levantamento batimétrico com o ADCP, georreferenciada ao nível do mar pelo método de Posicionamento por Ponto Preciso. O modelo hidráulico HEC-RAS foi empregado para estimar o comportamento do efeito de barramento hidráulico do rio Negro sobre o nível da água do rio Tarumã-Açu. Os testes foram realizados tomando o escoamento como unidimensional, permanente e subcrítico. Os resultados mostram vazões bastante dispersas, altamente influenciadas pela velocidade e profundidade da seção. Observou-se por meio da velocidade do fluxo, da temperatura superficial e do backscatter, que a entrada do rio Negro pela superfície do rio Tarumã-Açu sobre um trecho de 17 km a montante de sua foz, o que causa alteração nas características físico-químicas de suas águas. Testes com HEC-RAS apontam que o Tarumã-Açu assume o mesmo nível do rio Negro quando este atinge a cota de 19 metros (nível do mar), independente da vazão a montante, o que ocorre durante cinco meses do ano em média. A discordância entre os leitos dos canais, o ângulo da confluência e a razão de fluxo de momentum entre os rios são as possíveis causas da influência constante do rio Negro sobre o rio Tarumã-Açu.