A construção da atual liderança do Brasil em agricultura tropical é resultado de tecnologias geradas, adaptadas e implementadas ao longo das últimas décadas. A cultura da soja no Brasil é um dos principais exemplos de sucesso da pesquisa agropecuária; adaptada às condições brasileiras, o País será brevemente o maior produtor mundial. Mas são abundantes outros exemplos, igualmente exitosos. Entre 1975 e 2009, a oferta de carne bovina e suína foi multiplicada por quatro vezes, enquanto a de frango aumentou 22 vezes. A produção de leite aumentou de 7,9 bilhões para 27,6 bilhões de litros, e a produção de hortaliças elevou-se de 9 milhões de toneladas, em área de 771,36 mil hectares, para 19,3 milhões de toneladas, em 808 mil hectares, apenas para citar alguns exemplos de crescimento de produção e produtividade (Brasil, 2010). Políticas públicas e programas de pesquisa também conseguiram organizar tecnologias e sistemas de produção para aumento da eficiência da agricultura familiar, incorporando pequenos produtores ao agronegócio e garantindo melhoria de renda e bem-estar a esses produtores. Essas diferentes cadeias produtivas do setor agropecuário consolidam-se como estratégicas na economia brasileira e representam 26,4% do PIB nacional, 36% das exportações e 39% dos empregos gerados no mercado interno (Brasil, 2011).No entanto, as dimensões continentais do País, a diversidade de biomas e ecossistemas, os diferentes pacotes tecnológicos, a dinâmica espacial e a variabilidade temporal no uso e na cobertura das terras criam um cenário bastante complexo. Portanto, investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação geoespaciais são fundamentais para abordagens que favoreçam a competitividade e a sustentabilidade da agropecuária brasileira. Nesse sentido, as geotecnologias devem ser objeto de esforço técnico-científico para identificar, qualificar, quantificar e monitorar as diferentes áreas e recursos naturais com aptidão ou restrição para a expansão e a intensificação da atividade agropecuária.A elevação da capacidade de processamento e armazenamento de dados geoespaciais, por meio dos sistemas de informações geográficas (SIG) e sistemas de processamento de imagens, é fator-chave para superar esses desafios. Igualmente importantes são as crescentes melhorias na interface dos aplicativos e a qualificação dos métodos e ferramentas. Os complexos SIG e dados de sensores remotos que, até pouco tempo, eram de uso exclusivo de técnicos e pesquisadores, hoje tornaram-se ferramenta de uso comum: os globos virtuais e WebGIS, assim como a popularização dos sistemas de posicionamento global por satélite, tornam o produtor capaz de identificar rotas, visualizar imagens de satélites e gerar mapas. Essa popularização das geotecnologias também abre possibilidades, para grupos e instituições de pesquisa, de utilizar informações geoespaciais como forma de mostrar para a sociedade, de forma efetiva, a importância das pesquisas realizadas.As geotecnologias têm diversas aplicações na agropecuária. Elas podem apoiar políticas públicas ...