O trigo é uma cultura de inverno que impulsiona o desenvolvimento do agronegócio, caracterizando-se como matéria-prima responsável por aproximadamente metade da alimentação mundial. Nesse sentido, a dessecação pré-colheita se torna necessária, haja vista a incidência de aspectos econômicos e climáticos, sobretudo considerando a implantação da cultura posterior. Contudo, para tal processo, o uso de herbicidas que antecipam a maturação do grão pode ocasionar acúmulo de resíduos químicos no produto que será ingerido. Assim, a pesquisa realizada teve como objetivo analisar de que maneira a literatura científica aborda, conjuntamente, a temática da utilização de herbicidas para a dessecação do trigo em consonância com os riscos relacionados a essa prática. Para tanto, foi realizada uma revisão sistemática da literatura científica disponível na base de dados PubMed, entre 2016 e 2022. A busca resultou em um portfólio final composto por 12 artigos científicos. Os resultados indicaram que os herbicidas citados como prejudiciais ao meio ambiente por contaminação de solo e água foram: glifosato, 2,4-D, suflufenacil, ametrina e atrazina, e; os prejudiciais à saúde humana por acúmulo de resíduos no grão corresponderam ao glifosinato de amônio, clopiralide e bixlozone. Também se constatou que o glifosato apresenta relação com problemas intestinais (disbiose) e o butacloro ocasiona efeitos hepatotóxicos. Dessa maneira, evidenciou-se que é iminente a existência de equilíbrio na cultura de trigo com vistas a torná-la mais rentável para o produtor rural sem prejudicar a saúde ambiental e humana. Portanto, sugere-se o estabelecimento de Limites Máximos de Resíduos (LMRs) para todos os herbicidas utilizados no Brasil, bem como o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas de saúde. Assim, infere-se a relevância de maximizar a fiscalização quanto ao cumprimento da legislação concernente ao uso de agrotóxicos, em paralelo a intensificação de campanhas de conscientização e de orientação aos produtores rurais.