IntroduçãoO Cerrado é um bioma que se restringe ao Brasil, com somente pequenas áreas na Bolívia e no Paraguai (Ratter 2004). É reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade e contém um gradiente natural de fi sionomias vegetais de acordo com as condições do solo e disponibilidade de água (Pivello & Coutinho 1996). No Cerrado, há grande riqueza de espécies de Asteraceae, muitas delas endêmicas (Almeida et al. 2005). Com 106 gêneros e 557 espécies listadas por Mendonça et al. (1998), a família destaca-se por sua importância econômica, visto que muitas espécies são comercializadas principalmente para fi ns medicinais, ornamentais e culinários, além de várias delas serem invasoras. Isso torna os estudos morfoanatômicos dos frutos e sementes de plantas desta família indispensáveis para a compreensão de suas estratégias reprodutivas e para gerar subsídios para pesquisas futuras, de modo a explorar seus possíveis benefícios ou mesmo para controlar as ruderais.As Asteraceae apresentam órgãos reprodutivos morfologicamente homogêneos, com ovário ínfero, sincárpico e bicarpelar, com um único óvulo unitegumentado e basal; os frutos são denominados cipselas ou aquênios, dependendo do autor considerado, muitas vezes com pápus bem desenvolvido e carpopódio distinto, onde se dá a abscisão do fruto no momento da dispersão (Corner 1976;Bremer 1994;Judd et al. 1999). Neste trabalho, adota-se o termo cipsela, conforme recentemente indicado por Marzinek et al. (2008), que consideraram que a origem complexa do pericarpo, produzido pelo desenvolvimento do receptáculo e da parede ovariana do ovário ínfero, é motivo sufi ciente para separar as cipselas dos aquênios, os quais são frutos simples, com pericarpo originado apenas pela parede ovariana desenvolvida.Corner (1976) generalizou que as sementes de Asteraceae são pequenas, com tegumento fi no e papiráceo, geralmente albuminosas, embora Judd et al. (1999) destaquem que o endosperma é escasso. Segundo as descrições de Corner (1976), as sementes de Asteraceae são constantes em suas características estruturais, mas o endosperma é variável, podendo ser celular ou nuclear, oleaginoso, persistente ou não.A literatura relata variações na vascularização seminal para a família e Corner (1976) destacou três possibilidades. Na primeira, um único feixe vascular estende-se ao redor da semente, partindo do funículo até a região micropilar; na segunda, a vascularização é composta por dois a três feixes pós-calazais, estendendo-se até a micrópila; e na terceira, o feixe rafeal divide-se na entrada do funículo, produzindo platensis foi selecionada para a realização deste trabalho, que objetiva descrever a morfoanatomia e o desenvolvimento do pericarpo e da semente desta espécie, comparando os resultados com a literatura. O material coletado foi processado segundo técnicas usuais. O ovário é ínfero, bicarpelar, sincárpico, unilocular, com um óvulo anátropo, unitegumentado, tenuinucelado, formado em placentação basal. A parede ovariana é homogênea, com células mais densas perifericame...