Efeitos dos metais pesados no intestino de três espécies de peixes no Alto Rio Doce cinco anos após o rompimento da barragem em Mariana- MG. Orientadora: Sirlene Souza Rodrigues Sartori. Coorientadores: Jorge Abdala Dergam dos Santos, Fernanda Carolina Ribeiro Dias e Mônica Morais Santos. Os ambientes aquáticos estão sendo cada vez mais atingidos e prejudicados pelas atividades antrópicas que aumentam a disponibilidade de contaminantes, como os metais pesados. Isto tem levado a diversas alterações morfofisiológicas em organismos. O objetivo deste trabalho foi avaliar os possíveis efeitos tóxicos de metais pesados sobre o intestino de três espécies de peixes de hábitos alimentares distintos, devido aos rejeitos de mineração que atingiram a Bacia do Rio Doce após rompimento de barragem em Mariana-MG. Ainda existem poucos estudos abrangendo a quantificação de metais pesados e alterações histológicas no intestino de peixes. Foram coletados exemplares das espécies Astyanax lacustris, Hypostomus luetkeni e Oligosarcus argenteus em locais afetados e em locais não afetados pela lama de rejeitos na Bacia do Rio Doce. Análises foram realizadas utilizando fragmentos do intestino proximal, para quantificação de metais e avaliação de alterações histológicas e histométricas. Houve presença de metais nas três espécies, em especial alumínio e ferro; nas áreas afetadas, alguns metais, como o ferro, estiveram mais concentrados no intestino das espécies carnívora O. argenteus e onívora A. lacustris. Foram detectadas alterações como redução na altura das camadas musculares, redução no percentual da muscular longitudinal, diminuição da largura e aumento da altura das pregas intestinais, que foram ainda mais evidenciadas em O. argenteus, nas áreas afetadas, quando se compararam as três espécies. Foram encontradas células caliciformes degeneradas, além de maiores densidades de células caliciformes metacromáticas, de células rodlet e de linfócitos, em especial nos animais de áreas afetadas. Foi constatada, também, alteração na quantidade e na composição das mucinas presentes nas células caliciformes. Embora tivesse predomínio de mucinas mistas nas três espécies em ambas as áreas, houve redução significativa de mucinas mistas nos lambaris (bocarra e do rabo amarelo) na área afetada, mas especialmente em A. lacustris. O estudo infere que a presença de metais pesados no ambiente, com exposição dos peixes a eles, acarretou impactos morfológicos no intestino, sendo geralmente mais expressivos no carnívoro O. argenteus e no onívoro A. lacustris, corroborando com outros achados de bioacúmulo de metais pesados que levam em conta o hábito alimentar e a cadeia trófica.6 Palavras-chave: Ecotoxicologia. Hábito alimentar. Trato digestivo. Alteração histológica. Mineração.