ResumoA prevalência de incontinência urinária em gestantes diabéticas é significantemente elevada e persiste por até dois anos após o parto cesárea, podendo ser a sequela mais frequente da hiperglicemia gestacional comparada a outras complicações. Dessa forma, identificar os fatores de risco para o desenvolvimento da incontinência urinária em diabéticas é o principal objetivo na prevenção dessa condição tão comum. Pesquisas recentes apontam que não apenas o músculo uretral mas também a matriz extracelular uretral desempenham papel importante no mecanismo da continência urinária. Os trabalhos do nosso grupo de pesquisa evidenciaram que, em ratas, o diabetes durante a prenhez lesa a matriz extracelular e o músculo estriado uretral, o que pode explicar a alta prevalência de incontinência e disfunção do assoalho pélvico em mulheres com diabetes mellitus gestacional. O diabetes exerce efeito sobre a expressão, organização e alteração dos componentes da matriz extracelular em diversos órgãos, e a remodelação do tecido e a fibrose parecem ser uma consequência direta dele. Assim, a compreensão do impacto de fatores de risco modificáveis, como o diabetes, permitirá que, utilizando estratégias preventivas, reduzamos as taxas de incontinência urinária, bem como os custos de assistência à saúde, e melhoremos a qualidade de vida das mulheres, especialmente na gestação e no pós-parto.
AbstractThe prevalence of urinary incontinence in diabetic pregnant women is significantly high two years after cesarean section. Incontinence can be the most common consequence of hyperglycemia compared to other complications. Thus, identifying the risk factors for the development of urinary incontinence in diabetes is the major aim in the prevention of this very common condition. Recent surveys have shown that not only muscle but also the urethral extracellular matrix play an important role in the mechanism of urinary continence. Translational work on rats by our research group showed that diabetes during pregnancy damages the extracellular matrix and urethral striated muscle, a fact that may explain the high prevalence of urinary incontinence and pelvic floor dysfunction in women with gestational diabetes mellitus. Diabetes affects the expression, organization and change in extracellular matrix components in different organs, and tissue remodeling and fibrosis appear to be a direct consequence of it. Therefore, understanding the impact of modifiable risk factors, such as diabetes, which involves using preventive strategies, can reduce the rates of urinary incontinence and the health care costs, and improve the quality of life of women, especially during pregnancy and postpartum.