“…Por exemplo, a partir dos aprendizados adquiridos no Chile, a área de administração pública cada vez menos pública promoveu reformas contrarrevolucionárias radicais nos EUA, impulsionadas pelo discurso neoimperial do NPM contra "separatistas" no contexto da Guerra Fria Inter-Americana. Dentro e fora da universidade sulista cada vez menos pública, reformas de cima para baixo promoveram apropriação e contenção de epistemes e materialidades mobilizadas por invisibilizados em geral, e em particular por "bárbaros" Mapuches, também chamados de araucanos pelos colonizadores espanhóis (Richards, 2010) -o equivalente no Chile do "outro" mais fraco, mais pobre e mais escuro nos EUA (Rodríguez, 2011) radicalmente subalternizado pelo neoliberalismo multicultural do império benevolente que rearticula a estratégia de dividir-para-reinar aplicada a Indígenas Americanos e Afro-Americanos (King, Navarro, & Smith, 2020) por meio de apropriação de epistemes libertadoras, que justifica e invisibiliza dinâmicas interconectadas no Sul e no Norte de descolonização-recolonização comandadas pelo capital transnacional e mobilizadas por elites intelectuais. Essa faceta transnacional/multicultural da contrarrevolução neoliberal dividir-parareinar, reproduzida por escolas de negócios (Dar et al, 2020) e na educação em gestão, nega diferenciações coloniais e racistas (Nkomo, 1992), e reafirma a ideia racista/colonialista/sexista de que o invisibilizado outro, preso ao monoculturalismo identitário ou outras deficiências históricoculturais (Melamed, 2006), é não apenas inferior, mas também uma ameaça para a maioria que supostamente constitui a sociedade pós-colonial pós-racista multicultural.…”