Conforme disposto no ECA, considera-se ato infracional o comportamento retratado como crime ou contravenção penal. Ao adolescente autor de ato infracional se aplicam medidas socioeducativas. As medidas são desde advertência, reparar os danos, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, e as medidas de restrição e de privação de liberdade. O objetivo geral deste trabalho é investigar como o sistema de socioeducação em meio aberto compreende e atua sobre as adolescentes do gênero feminino que infracionaram a partir da perspectiva de profissionais que atuam com esta demanda. Visando conhecer e entender as intervenções destinadas às meninas que infracionam e sua efetividade na perspectiva dos profissionais; identificar se há desafios relacionados à questões do gênero feminino; e compreender como os profissionais compreendem as variáveis que influenciam a prática de ato infracional por adolescentes do gênero feminino. Este estudo refere-se a uma pesquisa descritiva e de campo de caráter qualitativo. Foram entrevistados, por meio de entrevista semiestruturada, 13 profissionais que atuaram ou atuam a mais de 6 meses nas medida socioeducativa. Prevaleceu a participação de Psicólogas e Assistentes Sociais. Por meio dos dados obtidos identificaram-se duas categorias temáticas, sendo elas: 1) A desproteção social da adolescência e a prática do ato infracional; 2) A invisibilidade do feminino no atendimento socioeducativo e os desafios da construção de práticas de proteção social a adolescente autora de ato infracional. A análise permitiu problematizar acerca das condições econômicas, sinalizando pelos participantes por meio da presença de vulnerabilidade social/econômica, problemáticas envolvendo as relações familiares como pais ausentes ou separados, evasão escolar predominante, trabalho informal frequente e experiências de violência como física, psicológica e sexual.