Resumo Este artigo problematiza a singularidade da desigualdade social brasileira, produtora de uma 'ralé' estrutural e legitimada por uma hierarquia valorativa que separa pessoas em gente e subgente, cidadãos e subcidadãos; pessoas que devem ser vistas e respeitadas, de um lado, e pessoas desdenhadas, desvalorizadas, de outro. Posteriormente, abordamos como acontece a reprodução do esquema da desigualdade social na saúde pública, considerada de péssima qualidade e que contradiz, na prática, os preceitos constitucionais pelos quais o Sistema Único de Saúde foi criado, não beneficiando a proposta idealizada em seu cerne de garantir cidadania inclusiva e igualitária. Finalmente, propomos reflexões em torno da atuação dos assistentes sociais na saúde pública a partir do atendimento direto aos usuários, principalmente por meio das ações educativas, considerando-as como uma oportunidade para trabalhar, com a 'ralé', aspectos que mantêm tal classe exatamente numa situação de subcidadania e, por isso, receptora de atendimento desumano nos serviços públicos de saúde. Palavras-chave desigualdade social; saúde pública; atuação dos assistentes sociais.Abstract This article discusses the uniqueness of Brazilian social inequality, which produces a structural 'rabble' legitimized by a value hierarchy that segregates people into people and sub-people, citizens and sub-citizens; people who must be seen and respected, on the one hand, and people to be disdained, devalued on the other. Subsequently, we discuss how the social inequality scheme is reproduced in public health, which is considered of poor quality and, in practice, contradicts the constitutional precepts pursuant to which the Unified Health System was created, not benefiting the idealized proposal at its core to ensure inclusive, egalitarian citizenship. Finally, we propose reflections about the role social workers play in public health through the provision of direct service to users, especially through educational actions, considering them as an opportunity to work with the 'rabble,' aspects that maintain such class exactly in a situation of sub-citizenship and, therefore, receiving inhumane care from public health services.