O scaffolding assume um papel importante no desenvolvimento das capacidades narrativas das crianças. O objetivo deste estudo foi analisar qual a relação entre o scaffolding verbal materno e a coerência estrutural narrativa da criança. Quarenta e uma crianças (24 rapazes, 58.5%) com 4 anos e suas mães realizaram uma tarefa de elicitação narrativa, utilizando um livro de imagens. O scaffolding foi analisado segundo a Grelha de Cotação de Comportamentos Verbais Promotores da Narrativa nas Crianças em Idade Pré-escolar, enquanto a narrativa foi avaliada com o Sistema de Codificação da Coerência Estrutural Narrativa. Os resultados mostram que os comportamentos maternos que dirigem a atenção e o interesse da criança para o livro e as questões que direccionam o discurso da criança para determinados pontos da história se correlacionam negativamente com alguns aspectos da coerência estrutural narrativa. Em contraste, níveis reduzidos de intrusividade materna a par com níveis elevados de sensibilidade e de capacidade para modificar e ajustar o seu comportamento verbal encontram-se associados a uma elevada coerência estrutural narrativa. Estes resultados sugerem que o momento no qual a mãe decide intervir e a forma como o faz são questões relevantes para o desenvolvimento da narrativa da criança, com possíveis repercussões na coerência estrutural narrativa.
Palavras-chave:Idade pré-escolar, Livro de imagens, Narrativa, Scaffolding.
INTRODUÇÃOAs interações familiares desempenham um papel crucial no que diz respeito ao desenvolvimento da competência narrativa da criança (Larrea, 1994). Na interação com as figuras parentais, a criança tem a possibilidade de participar em inúmeras práticas narrativas do dia-a-dia (por exemplo, na descrição de episódios do quotidiano, relatos de acontecimentos passados, leitura de contos infantis...), nas quais aprende a contar e a organizar as suas histórias, que tipos de acontecimentos são comunicáveis e que tipo de relações se pode estabelecer entre eles, de acordo com a cultura vigente (Göncü & Jain, 2000).Neste sentido, o scaffolding pode ser entendido como o suporte temporário que pais, professores ou outros adultos ou pares mais competentes proporcionam à criança numa dada tarefa, até que esta a consiga executar sozinha com alguma mestria (Wood, Bruner, & Ross, 1976), sendo que no scaffolding verbal o adulto auxilia e promove verbalmente o discurso da criança (Otto, 2006). Os pais intervêm nas produções narrativas das crianças para as encorajar a construir novas narrativas e a desenvolver partes específicas das suas histórias, contribuindo com ideias, utilizando questões e elaborando as respostas das crianças. Dessa forma, fornecem informação orientadora ou pedem essa
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