ResumoA oxidação lipídica tem sido extensivamente estudada devido às alterações provocadas nos alimentos, as quais têm implicações indesejadas na saúde humana. Dentre as alterações ocorridas, destacam-se a perda dos ácidos graxos essenciais, a formação de ácidos graxos trans e a formação de compostos voláteis responsáveis pelas alterações sensoriais dos produtos alimentícios e de outros compostos não voláteis, que podem ser potencialmente tóxicos. No caso de fórmulas infantis, o aumento do conteúdo de ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa, a fortificação mineral, os tratamentos tecnológicos e o período de estocagem podem acelerar o processo de oxidação lipídica. O objetivo deste estudo foi avaliar a estabilidade de ácidos graxos poli-insaturados -linoleico, α-linolênico, araquidônico e docosahexaenoico -em 14 fórmulas infantis comerciais por oito meses. Adicionalmente, avaliou-se a formação dos ácidos graxos trans no período de estudo. A determinação dos lipídios totais das amostras seguiu o método de Rose Gottlieb e a quantificação dos ácidos graxos foi realizada por cromatografia gasosa com detector de ionização de chama, utilizando-se o éster metílico do ácido tricosaenoico (23:0) como padrão interno. A maioria das amostras não apresentou degradação dos ácidos graxos no período de um mês, mas ao final do estudo (oito meses), 11 das 14 amostras apresentaram diminuição do conteúdo dos ácidos graxos poli-insaturados. Observou-se o aumento dos ácidos graxos trans com o armazenamento, para algumas amostras. Os resultados indicam a necessidade de maior atenção na utilização das fórmulas infantis quando próximo o prazo de validade, pois os ácidos graxos poli-insaturados são degradados e o valor nutricional do produto poderá ser modificado.
Palavras-chave: Ácido graxo poli-insaturado; Oxidação lipídica; Estabilidade oxidativa; Fórmula infantil.
SummaryLipid oxidation has been extensively studied because it can promote changes in food which have undesirable implications on human health. The main changes are a loss of essential fatty acids, formation of trans fatty acids, formation of volatile compounds responsible for sensory alterations and the formation of other non-volatile products which may be potentially toxic. In infant formulas, the increasing content of long-chain polyunsaturated fatty acids, mineral fortification, technological treatments and the storage period can all accelerate lipid oxidation. The aim of this study was to evaluate the stability of the polyunsaturated fatty acids, i.e. linoleic, α-linolenic, arachidonic and docosahexaenoic in 14 commercial infant formulas for 8 months. In addition, the formation of trans fatty acids during the period studied was evaluated. The total lipid contents of the samples were determined using the Rose Gottlieb method, and the fatty acids were quantified by gas chromatography with a flame ionization detector, using the tricosanoic acid methyl ester (23:0) as the internal standard. Most of the samples showed no fatty acid degradation within the first month, ...