O chumbo não participa de nenhum passo ou função metabólica essencial ao ser humano. Ao mesmo tempo é o metal não ferroso mais manipulado industrialmente pelo homem desde a antiguidade, o que tem levado à uma contaminação extensa do meio ambiente desde então, proporcionando ainda hoje um aporte regular excessivo desse metal através da ingestão e inalação. Nesta revisão são discutidos aspectos de cinética e dinâmica do chumbo na forma inorgânica, por ser a forma mais comum de apresentação ocupacional e no meio ambiente. Por ser um elemento metálico o chumbo não sofre biotransformação enzimática. O seu “metabolismo” restringe-se a um cinética de distribuição e excreção bastante complexa que, por sua vez, depende da forma química ingerida ou inalada, que definirá seu potencial de oxi-redução e ionização, ligação a proteínas, e passagem por membranas e barreiras, além do acúmulo tecidual e excreção renal. Adultos absorvem até 10% do que é ingerido, em contraste com a taxa das crianças que pode chegar a 50%. Distribui-se fácil e rapidamente por todos os tecidos, além de passar a barreira encefálica e a placentária, sendo secretado no leite materno. As meias vidas de eliminação de chumbo do organismo, conforme o compartimento, podem ser resumidas da seguinte forma: sangue = 25 a 30 dias (em crianças sob exposição ambiental a baixas doses = 10 a 12 meses); tecidos moles em geral = 60 dias; osso trabecular = 90 a 120 dias; osso cortical com depósitos estáveis = 25 a 30 anos. Tem ações tóxicas no sistema nervoso central, periférico, renal e hematopoiético principalmente, através de mecanismos que são discutidos no artigo.