Introdução: Neurotoxoplasmose é a infecção do SNC mais frequente em doentes portadores do VIH. Os seus sintomas podem ser défices neurológicos focais, crises epilépticas e distúrbios neuropsiquiátricos. O exame neurológico, permite identificar sinais importantes para o diagnóstico diferencial com patologia psiquiátrica e definir a melhor escolha de exames complementares de diagnóstico no serviço de urgência. A não identificação atempada desta situação pode resultar em défices permanentes ou desfecho fatal.
Apresentação de caso: Trata-se de homem de 52 anos, com diagnóstico recente de infecção por VIH em contexto do falecimento de cônjuge, admitido na Urgência por cefaleia holocraniana, apatia e amnésia referenciado à Psiquiatria. Ao exame físico, constatou-se, lentificação psicomotora, hipoprosexia e diminuição do campo visual com interferência na coordenação motora e mobilização. A RM CE realizada evidenciou lesões multicêntricas, com edema e efeito de massa, descritas como tuberculose/toxoplasmose. Iniciadas medidas anti-edema necessárias e tratamento anti-toxoplasma uma vez que não foram reunidos outros dados que sustentassem a outra hipótese descrita. Teve alta autónomo, após controle clínico e imagiológico feito ao 14º dia de internamento que demonstrou melhoria considerável.
Conclusão: Os meios complementares de diagnóstico solicitados em ambiente de Urgência devem ser um apoio à decisão e resultar em condutas modificadoras. A informação de infecção por VIH e os achados imagiológicos alteram o raciocínio etiológico, permitem o diagnóstico diferencial de infecções do SNC e a consecutiva adequação terapêutica. Na decisão é importante ter em conta o contexto epidemiológico, a informação clínica disponível e as directrizes da OMS que ajudam a orientar a decisão em países em vias de desenvolvimento.