Recebido em 1/7/04; aceito em 28/3/05; publicado na web em 10/8/05QUANTIFICATION OF ATMOSPHERE -SOIL MERCURY FLUXES BY USING A DYNAMIC FLUX CHAMBER: APPLICATION AT THE NEGRO RIVER BASIN, AMAZON. Gaseous mercury sampling conditions were optimized and a dynamic flux chamber was used to measure the air/surface exchange of mercury in some areas of the Negro river basin with different vegetal coverings. At the two forest sites (flooding and non-flooding), low mercury fluxes were observed: maximum of 3 pmol m -2 h -1 -day and minimum of -1 pmol m -2 h -1 -night. At the deforested site, the mercury fluxes were higher and always positive: maximum of 26 pmol m -2 h -1 -day and 17 pmol m -2 h -1 -night. Our results showed that deforestation could be responsible for significantly increasing soil Hg emissions, mainly because of the high soil temperatures reached at deforested sites.Keywords: mercury fluxes; atmosphere-soil exchange; flux chamber.
INTRODUÇÃOUma das características mais marcantes do Hg em relação a outros metais é sua capacidade de ser emitido ou reemitido para a atmosfera, principalmente na sua forma gasosa elementar (Hg 0 ). Devido a algumas de suas propriedades tais como baixa reatividade e baixa solubilidade em água, o Hg 0 apresenta um tempo de residência na atmosfera da ordem de um ano, facilitando sua distribuição e deposição numa escala global, razão pela qual foi desenvolvido o conceito de "poluente global" para esse elemento 1 . Na atmosfera, o Hg pode participar de vários processos e/ou interações de natureza química, física ou fotoquímica, propiciando sua transferência para os compartimentos aquáticos e terrestres, bem como sua possível conversão a metil-mercúrio (MeHg) 2 . A propriedade do MeHg de ser bio-acumulado em até um milhão de vezes ao longo da cadeia alimentar em meio aquático constitui uma das principais preocupações ambientais da ecotoxicologia do mercúrio, justificando o estudo do seu ciclo biogeoquímico e, em particular, dos processos de transferência desse elemento entre os diferentes compartimentos 1,2 .O "Expert Panel" 3 estimou que aproximadamente 95% das 200.000 t de Hg mobilizados desde 1890 acumulam-se atualmente nos solos superficiais. A reemissão de uma parcela desse estoque seria equivalente ao total das emissões antrópicas dos Estados Unidos 4 . As florestas cobrem aproximadamente 4x10 9 ha da superfície terrestre, e o destino do Hg estocado, seja no solo, seja na vegetação, é ainda amplamente desconhecido. Considerando que a Amazônia brasileira é coberta por 0,4x10 9 ha de floresta 5 , ou seja, 10% da área coberta por florestas no planeta, justifica-se a importância de se estudar os processos de transferência do Hg nesse ecossistema. Esta necessidade aumenta se for considerada a pequena quantidade de dados já obtidos em áreas de florestas tropicais úmidas, sendo que a maioria dos dados disponíveis são relativos a florestas temperadas e boreais 2,6,7 .Vários estudos já foram realizados com o objetivo de medir in situ as taxas de emissão ou de deposição do mercúrio gasoso t...