A surdez autoimune é uma entidade clínica rara, representando geralmente um desafio diagnóstico, correspondendo muitas vezes à manifestação inicial de um distúrbio autoimune sistémico. Caracteriza-se pela presença de hipoacusia neurossensorial, bilateral e assimétrica de instalação progressiva durante semanas a meses. Em 50% dos casos, associado à surdez, verifica-se a presença de sintomas vestibulares, acufenos ou plenitude auricular. Dada a ausência de testes específicos que permitam a realização de um diagnóstico definitivo, este é baseado na suspeita clínica e na resposta ao tratamento com terapia imunossupressora. O diagnóstico diferencial é realizado através de uma história clínica detalhada com exame objetivo completo, bem como exames audiométricos, laboratoriais e imagiológicos de modo a excluir outras etiologias de surdez neurossensorial. A raridade desta doença, o grande espectro de manifestações clínicas, a ausência de estudos randomizados que demonstrem a eficácia do tratamento, bem como a ausência de resultados a longo prazo, fazem desta doença um desafio. Com este artigo os autores pretendem realizar uma revisão do tema de modo a facilitar a identificação precoce desta patologia e permitir a instituição adequada de tratamento.