No Brasil, os quadros clínicos da febre maculosa podem ser resultantes da infecção por duas espécies de riquétsias. Rickettsia rickettsii é registrada na região Sul e Sudeste e está relacionada a casos graves da doença. Rickettsia sp. cepa Mata Atlântica foi identificada no Sul, Sudeste e Nordeste, causando febre maculosa mais branda. Febre maculosa é doença de notificação compulsória ao Ministério da Saúde que promove ações de vigilância epidemiológica e assistência médica com o objetivo de reduzir a morbimortalidade. No entanto, a doença ainda é pouco conhecida. Sabe-se que os carrapatos do gênero Amblyomma atuam como vetores, podendo parasitar hospedeiros silvestres, domésticos e eventualmente o homem. O conhecimento da distribuição geográfica potencial desses vetores torna-se importante nas ações de vigilância epidemiológica. Dessa forma, o presente estudo tem os seguintes objetivos: 1) atualizar o perfil epidemiológico da febre maculosa no Brasil; 2) avaliar preditores de evolução fatal por febre maculosa; 3) analisar a distribuição geográfica potencial de carrapatos do Complexo Amblyomma cajennese em cenário atual e futuro sob influência das mudanças climáticas. Na primeira abordagem, verificamos o crescente número de registros da doença nos últimos anos e observamos a expansão espacial da febre maculosa no país com uma ascendente taxa de letalidade. Por meio desses registros, um estudo do tipo caso-controle avaliou fatores preditores de evolução fatal por febre maculosa. Neste, verificou-se que residir em área urbana, relatar a presença de carrapato e apresentar quadro clínico com presença de linfadenopatia são fatores protetores. Enquanto os sinais de gravidade como hipotensão, choque, estupor, coma e convulsão estão associados as maiores chances de morte. Quando analisamos a distribuição geográfica potencial de carrapatos do Complexo Amblyoma cajenennese utilizando a modelagem de nicho ecológico, verificamos que áreas do Cerrado, Amazônia, Pantanal e Mata Atlântica apresentam ampla adequabilidade para manutenção dessas espécies. No entanto, em cenários de mudanças climáticas, verificamos uma tendência de redução dessas áreas (nos anos de 2050 e 2070). Nossos dados indicam que a presença do vetor pode ser restringida (e consequentemente a doença), se considerarmos a não adaptação dos carrapatos aos novos climas. Os métodos empregados neste estudo buscam, de forma complementar, o entendimento epidemiológico da febre maculosa e poderão ser utilizados para predição, prevenção e, consequentemente, para redução da morbimortalidade desta importante doença no Brasil. Palavras-chave: Epidemiologia. Riquetsiose. Doença transmitida por carrapato. Modelagem de nicho ecológico. Amblyomma.