Introdução: No contexto das corporações centralizadas em tecnologias de informação e comunicação (TIC), empresas que se identificam como aplicativos ou plataformas digitais, sobretudo de prestação de serviços, formam um entre muitos modelos organizacionais possíveis do mundo do capital. Tais corporações têm imposto aos trabalhadores um novo modelo de organização do trabalho que demanda reflexões acerca da centralidade do valor-trabalho como eixo da reflexão teórica e do reconhecimento das formas contemporâneas de subsunção do trabalho ao capital.
Objetivo: Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa que objetivou ouvir as vozes do trabalho, sujeitos cuja força de trabalho está subordinada por meio de plataformas digitais.
Métodos: Trata-se de investigação exploratória e qualitativa, baseada na interlocução com a literatura disponível e realização de entrevistas semi-estruturadas com participantes recrutados por conveniência, por meio da técnica snowball. Foram entrevistados oito trabalhadores e suas entrevistas submetidas à análise temática (AT).
Resultados: A partir da análise das entrevistas foi possível a identificação e investigação de quatro dimensões do mundo do trabalho: o trabalho como oportunidade; as características concretas das relações laborais mediadas por plataformas digitais; a precariedade e a precarização do trabalho; e as estratégias, individuais e coletivas, de enfrentamento da situação presente desses trabalhadores.
Conclusão: Conclui-se que, se características identificadas, inicialmente, como “oportunidade” e “autonomia” do trabalho subordinado por plataformas digitais tendem a aparecer como qualidade positiva desta forma contemporânea das relações laborais, as jornadas extenuantes, associadas a baixos ganhos financeiros revelam o contraditório do trabalho na consciência prática do trabalhador.