ResumoOs Antiinflamatórios Não Esteróides (AINEs) inibem a síntese de prostaglandinas, com subseqüente diminuição da secreção de muco e bicarbonato pelo epitélio gástrico, redução da hidrofobicidade da camada epitelial, comprometimento da reposição celular, redução do fluxo sanguíneo e aumento da aderência de neutrófilos. Ao longo dos anos, notou-se que as lesões gástricas provocadas pelo uso de AINEs se localizam com maior freqüência nas regiões do antro pilórico e curvatura menor do estômago. A maior susceptibilidade destas regiões pode ser explicada por sua anatomia microvascular, a qual apresenta capilares estreitos, tortuosos e com menor diâmetro que em outras regiões do estômago; estes são mais separados entre si e há menos anastomoses entre os capilares ascendentes, tornando-os mais predispostos à trombose e conseqüente lesão gástrica.
Palavras-chave:AINEs. Lesão gástrica. Anatomia microvascular. Prostaglandinas. Fluxo sanguíneo.
IntroduçãoOs antiinflamatórios não esteróides (AINEs) estão entre os fármacos mais consumidos no mundo e seu extenso uso é devido, sobretudo, aos seus efeitos antiálgico, antiinflamatório e antipirético, dentre outras recentes aplicações.
1,2Nos cães e também nos humanos, as lesões na mucosa gástrica, mais especificamente a gastrite erosiva aguda, é o efeito adverso mais comum observado e relacionado ao uso de AINEs. 3,4,5 Em ordem crescente de evolução, as lesões da mucosa gástrica podem incluir quadros de erosão, ulceração, perfuração e hemorragia. 2,6,7,8 Segundo Prokopiw et al.
9, a arquitetura vascular do estômago canino é similar a do estômago humano, sendo considerada modelo para estudo da fisiologia microvascular e também para investigação dos efeitos de fármacos na microcirculação.Os AINEs atuam inibindo a síntese de prostaglandinas, sendo que estas, são responsáveis pela manutenção do fluxo sanguíneo da mucosa gástrica e estimulam a síntese de muco e bicarbonato indispensável à homeostase gástrica. A combinação da acidose e redução do fluxo sanguíneo pode, invariavelmente, causar lesão gástrica. 7,10,11,12 Ao longo dos anos, estudos médicos vêm comprovando que as lesões gástricas provocadas por AINEs e outros agentes tendem a se localizar com maior freqüência próximo à curvatura menor e terço final do estômago, ou seja, abrangendo as áreas do antro e piloro. 7,13,14,15,16,17 Essa observação indica que alguma característica anatômica pode contribuir para a freqüência de lesões nessas áreas.
17Este trabalho, por meio de revisão da literatura, tem por objetivo avaliar essa relação, através do estudo da anatomia circulatória gástrica e os mecanismos de patogenia dos AINEs sobre a microcirculação levando às lesões gástricas já referidas.
Revisão de LiteraturaO estômago situa-se na parte cranial do abdômen, à esquerda da linha mediana do plano sagital mediano, caudalmente ao esôfago e cranialmente ao duodeno. 16,18 É