Objetivo: Este trabalho teve por objetivo investigar quais os efeitos da adoção da IFRS 9 sobre a qualidade dos lucros contábeis, utilizando o atributo da persistência dos resultados.
Método: Utilizou-se como proxy para a qualidade dos lucros o atributo da persistência dos lucros contábeis, com base no modelo de Dechow e Schrand (2004). Com dados trimestrais de 331 empresas de 2015 a 2020, foram analisadas três regressões múltiplas para captar o efeito da nova norma sobre a persistência dos resultados.
Resultados: O modelo construído se mostrou consistente e robusto, de maneira que se constatou que os lucros reportados sob a égide da IFRS 9 se mostraram mais persistentes do que os lucros reportados antes da adoção da IFRS 9. Nesse sentido, pode-se concluir que houve um aumento no atributo da persistência e, por conseguinte, uma melhoria na qualidade dos lucros reportados pelas empresas no período estudado.
Contribuições: O desenrolar da crise financeira de 2008 trouxe importantes consequências para os padrões contábeis internacionais, sendo a IFRS 9 uma delas. Por um lado, a alteração trouxe um aumento no julgamento profissional por parte das perdas de crédito e, por outro, a nova classificação dos instrumentos financeiros pôs fim à possibilidade de escolha vantajosa da administração. Para estudar esse dilema, este trabalho inova em identificar os efeitos das mudanças em relação à qualidade dos lucros, sobretudo no atributo da persistência. Assim, complementa estudos anteriores que analisaram os efeitos das recentes alterações promovidas pelo IASB e fomenta o debate sobre as implicações da IFRS 9. Desse modo, o trabalho contribui para o investidor, que demanda por informações de qualidade, para o normatizador, que deve monitorar os efeitos das suas normas para a qualidade da informação, e para o pesquisador, que pode comparar e criticar os resultados obtidos com outros estudos realizados pela academia.