A gestão da fauna silvestre na Amazônia brasileira foi durante muito tempo uma questão esquecida. Desde o final dos anos de 1990, alguns pesquisadores e membros de ONGs ambientalistas tentam reduzir as numerosas incertezas que ainda existem em torno deste assunto. De fato, informações concretas e confiáveis ainda são raras para aspectos fundamentais como o estado dos recursos animais, a sustentabilidade da caça/pesca praticada pelas populações tradicionais ou, ainda, a eficiência das medidas de proteção das espécies ameaçadas. O presente trabalho propõe avaliar a qualidade da gestão da fauna silvestre na comunidade São João do Tupé (RDS Tupé, município de Manaus, Amazonas) pelo meio de um sistema de indicadores. Esse sistema articula-se entre quatro temas principais: o estado do habitat, o uso da fauna silvestre pelas populações locais, os fatores sociais, econômicos e culturais que podem influenciar a gestão, assim como a organização social a respeito dela. Esses quatro temas são subdivididos em 13 indicadores e 31 subindicadores simples para serem manipulados e entendidos por um público amplo. Aplicados ao campo de estudo, esses indicadores mostram que apesar dos progressos registrados na proteção do habitat, a gestão da fauna silvestre ainda continua perfectível em vários pontos, notadamente a respeito das práticas cinegéticas e pesqueiras, da sensibilização das populações locais às medidas de proteção assim como a implementação de meios de controle (plano de manejo oficial, fiscalização).