Resumo O artigo propõe uma apresentação da noção de “ontologia histórica” tal como elaborada por Michel Foucault e desenvolvida por Ian Hacking. Essa apresentação será feita a partir do estudo de dois conceitos concretos, que dizem respeito à relação entre história e memória, e se tornaram de grande importância para o debate teórico dos historiadores brasileiros: trauma e nostalgia. A partir de um diálogo com a obra da historiadora Lorraine Daston e levando em conta os seus débitos em relação aos trabalhos de Georges Canguilhem e Michel Foucault, o artigo mostra como aquelas duas categorias meta- históricas permitem articular ontologia histórica, epistemologia histórica e metafísica aplicada. A partir da historicidade daquelas duas categorias, argumenta-se que a história da medicina e a história das doenças podem contribuir para uma compreensão alargada sobre o sentido do trauma e da nostalgia na vida social, subjetiva e intelectual na modernidade.