NT DISOC 92 - Comportamento do mercado de trabalho brasileiro em duas recessões: análise do período 2015-2017 e da pandemia de Covid-19

Abstract

A partir do segundo trimestre de 2014, o produto interno bruto (PIB) brasileiro passou por onze trimestres consecutivos de crescimento negativo, atingindo seu menor valor no quarto trimestre de 2015, uma queda de 5,5%, e apenas no começo de 2017 passou novamente a apresentar alguma expansão. Em fevereiro de 2020, os primeiros casos do novo coronavírus foram detectados no Brasil e, em março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o quadro de pandemia. As medidas adotadas pelos entes nacionais e entidades privadas para estimular o isolamento social e combater a infecção incluíram restrição de viagens, fechamento de escolas e comércio, restrição a atividades produtivas e, nos casos mais extremos, lockdowns com restrição a movimentação da população. Essas medidas tiveram grande impacto na atividade econômica e, em particular, no mercado de trabalho. O gráfico 1, que apresenta as variações anuais do PIB trimestral, mostra como a crise do novo coronavírus rapidamente resultou em uma queda da economia agregada em níveis inéditos, inclusive abaixo da recessão anterior. Este estudo procura analisar os ajustes do mercado de trabalho em meio a essas duas retrações, tentando estabelecer similaridades e diferenças entre os ajustes observados nas crises anterior e mais recente. Para tanto, serão usados diversos indicadores de trabalho, construídos a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPRT), e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), também produzida por essa secretaria.

Brasil, qual é o balanço econômico?

“…Na crise de 2020, a porcentagem da população desempregada na população em idade de trabalho aumenta ligeiramente de 7,5% para 8%. A maior diferença entre as duas crises está na porcentagem de inativos (fora do mercado de trabalho): enquanto nos mesmos períodos, esta porcentagem é relativamente estável na primeira crise, cerca de 38,5%, ela aumenta de 39% para 44,7% em 2020, o que é considerável em tão pouco tempo (CORSEUIL et al, 2021). A fim de evitar possíveis confusões, deve-se lembrar que este estudo não se refere à população economicamente ativa (PAE), mas à população empregada (isto é, excluindo o desemprego).…”

Brasil, balance económico de la presidencia de Bolsonaro

“…En la crisis de 2020, el porcentaje de desempleados en la población en edad de trabajar aumentó ligeramente, del 7,5% al 8%. La gran diferencia entre las dos crisis está en el porcentaje de inactivos (fuera del mercado de trabajo): mientras que en esos mismos periodos, se mantuvo relativamente estable durante la primera crisis, en torno al 38,5%, aumentó del 39% al 44,7% en 2020, lo que es considerable en tan poco tiempo (Corseuil et al, 2020). Para evitar posibles confusiones, cabe recordar que este estudio no se refiere a la población económicamente activa (PEA) sino a la población ocupada (es decir, excluyendo el desempleo).…”

Who worked from home in Brazil? Inequalities highlighted by the pandemic

“…Bridi (2020) concluded that job losses in Brazil in the second quarter of 2020 were signifi cantly higher for informal workers; whether in comparison between salaried employees with and without a formal contract, or between entrepreneurs with or without CNPJ. Corseuil et al (2021) also found that a relevant aspect of the current crisis was its magnifi ed impact on informal occupation. Their studies showed that more vulnerable groups of workers tend to be over-represented in informality, which cause important negative effects on equity.…”

“…The literature focused on Brazil has already identifi ed that job losses were more intense for informal workers -with important negative effects on equity given the over-representation of more vulnerable groups in informality -and in industries that are more contact intensive (Al Masri et al, 2021;Corseuil et al, 2021;Bridi, 2020). Regarding tele-workability, the report by Góes et al (2021) analyzed the composition of the "remote workforce", considering different attributes, and identifi ed that it is predominantly composed of formal-sector workers with complete college education, aged between 30 and 39 years, women and white people.…”

“…Estimators (MLE) which are consistent by optimizing fi rst-order condi-works on labor issues associated with COVID-19 -seeBridi (2020), Mattei and Heinen (2020),Pouliakas (2020),Yasenov (2020), Al Masri et al (2021), Corseuil et al (2021 andGóes et al (2021).…”