Por que o Brasil precisa de um submarino de propulsão nuclear?1 O objetivo deste texto é refletir sobre essa questão, com base em algumas observações sobre a história desse tipo de equipamento e das respostas fornecidas ao autor por um conjunto de especialistas em defesa. Até hoje, a principal justificativa para o programa do submarino nuclear brasileiro vem de textos da própria Marinha, sendo incorporada recentemente na Estratégia Nacional de Defesa (END). Cercado de segredo nos primeiros anos de seu desenvolvimento, ainda sob o regime castrense, o programa sofreu com os cortes do orçamento militar dos anos de 1990 e só foi efetivamente retomado no segundo mandato do governo Lula, quando se criou a Comissão de Gestão do Programa do Submarino Nuclear (Cogesn). A partir daí firmaram-se os acordos com a França e iniciaram-se as obras do estaleiro de base de submarinos em Itaguaí (RJ), que permitirão construir o casco da nave. Assim, o segundo objetivo deste trabalho será mostrar a especificidade do programa brasileiro. Entre os sete países capazes de construir esse tipo de equipamento, o caso brasileiro é o único no qual não se prevê o emprego de armamento nuclear em seus futuros submarinos nucleares de ataque.
Do que se trataA propulsão nuclear para submarinos foi concebida nos anos imediatamente posteriores à Segunda Guerra Mundial, como solução tecnológica * Este artigo contou com apoio da Fapesp. As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade do autor, que também é pesquisador do CNPq.