RESUMO -O presente estudo investigou aspectos da representação numérica (processamento numérico e cálculo) e memória operacional de crianças com transtornos de aprendizagem. Participaram 30 crianças de idade entre 9 e 10 anos, ambos os gêneros, divididas em dois grupos: sem dificuldade em aritmética (SDA; N=11) e com dificuldade em aritmética (CDA; N=19), avaliadas pela ZAREKI-R, Matrizes Coloridas de Raven, o Blocos de Corsi e o BCPR. Crianças CDA exibiram escores levemente mais baixos que as SDA quanto ao nível intelectual e nos Blocos de Corsi. Na ZAREKI-R apresentaram prejuízo nos subtestes ditado de números, cálculo mental, problemas aritméticos e total. Crianças CDA apresentaram déficits específicos em memória operacional visuoespacial e comprometimento em processamento numérico e cálculo, compatível com discalculia do desenvolvimento.Palavras-chave: Discalculia do Desenvolvimento; Matemática; Memória Operacional; Neuropsicologia; Transtornos de Aprendizagem.Developmental Dyscalculia: Assessment of Number Representation by the ZAREKI-R ABSTRACT -This study investigated which aspects of number processing and calculation and working memory are related to arithmetic deficits. The participants were children aged from 9 to 10 years, both gender, divided in two groups based on their calculation score: a group without arithmetic disability (SDA; N=11) and with arithmetic disability (CDA; N=19); assessed by the instruments: ZAREKI-R, Raven's Coloured Progressive Matrices, Block Span, Digit Span, and BCPR (pseudowords repetition). CDA children exhibited slightly lower scores than SDA on intellectual level and Block Span, and deficits in dictation of numbers, mental calculation, and problem solving tasks of the ZAREKI-R. The results indicate that CDA children have specific deficits in visuospatial working memory and performed poorly in number representation tasks, which fulfill criteria for Developmental Dyscalculia.Keywords: Developmental Dyscalculia; Mathematic; Working memory; Neuropsychology; learning disabilities. Há uma capacidade inata para habilidades quantitativas que inclui uma compreensão implícita de numerosidade, ordinalidade, contagem e aritmética simples (Geary, 1995), a qual constitui um modo de processamento não simbólico de quantidades, baseado em subtização e aproximação (Feigenson, Dehaene & Spelke, 2004). Essa capacidade se desenvolve gradualmente no decorrer dos anos pré-escolares, juntamente com a linguagem e sua estruturação (Geary, 2000). Com a inserção no Ensino Fundamental, as crianças aprendem a representar os números por meio do processamento simbó-lico (p.ex., palavras, numerais, ideogramas), o que permite a manipulação e comparação de quantidades precisas (Mundy & Gilmore, 2009). Uma vez que as habilidades quantitativas adquirem características culturais (Geary, 2000;von Aster & Shalev, 2007), fatores linguísticos, culturais e pedagógicos têm diferentes efeitos nos diversos componentes das habilidades matemáticas e podem, em alguns casos, afetar a aprendizagem escolar (Dellatolas, von ...