As plataformas digitais de transporte e entrega simbolizam a uberização das relações de trabalho na fase neoliberal do capitalismo e se banalizaram no cotidiano de muitas cidades. Buscando revelar reverberações político-eleitorais nesse processo, o artigo apresenta uma análise do nome de urna dos candidatos às eleições municipais (2016 e 2020) com referências à uberização e a corporações em plataformas digitais. Na primeira parte do texto, com base no banco de dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), descreve-se e analisa-se o crescimento do número desses candidatos, seu perfil, sua distribuição pelo território e filiação partidária. Em um segundo momento, qualitativo e apoiado nos dados do TSE, com análise de redes virtuais e entrevistas, reconstitui-se a trajetória de um dos candidatos com “Uber” em seu nome de urna que foi eleito vereador pelo Município de São Paulo. Argumenta-se que o candidato utilizou o tema da uberização como um capital político de sua persona. Por fim, apresenta-se a articulação de candidatos ligados à atividade dos motoristas por aplicativo. As considerações finais indicam que o crescimento da adoção de nomes de urna ligados à uberização é geograficamente seletivo, porém representativo da banalização desse processo na vida social e na vida política. Além disso, indicam-se os limites institucionais e as questões federativas ligadas ao ente municipal em face à plataformização e apresentam-se hipóteses para pesquisas futuras sobre a relação entre nomes de urna, uberização e plataformização.