O artigo em questão teve como objetivo investigar o papel desempenhado pela ideia de sertão na formação socioterritorial brasileira, desde as abordagens teóricas até o mundo real, vivido por populações sertanejas no país, com destaque para a região sertaneja da Guerra do Contestado. O processo histórico-cultural de formação brasileira carrega consigo uma gama de relações no cerne das ideias atribuídas ao sertão, permitindo por meio da pesquisa dos conflitos existentes ao longo dos séculos, compreender o dinamismo de composição do território nacional. Nesse sentido, a categoria espacial de sertão oriunda a partir do olhar geográfico, propõe uma dialética entre o pensamento eurocêntrico, de expansão e domínio do espaço nacional, com o modo diametralmente oposto adotado por aqueles que foram e continuam sendo expulsos dessas terras, e que enxergam no “sertão” um sinônimo de liberdade e esperança em relação a uma sociedade que desde o início os oprime. Metodologicamente foram realizados levantamentos em bibliografias relacionadas a discussão de sertão, tanto em textos geográficos, quanto nos da sociologia, história e antropologia. Para a inserção geográfica da região sertaneja do Contestado, esta ocorreu por meio da ampla produção de Fraga, que vem estudando e geografizando a região do Contestado, desde 1994.