Desde os anos 1990, o debate sobre a privatização dos serviços de utilidade pública vem ganhando força no Brasil, seja por pressão política interna ou externa, seja como pelo interesse de agentes privados. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é a maior prestadora de serviços logísticos do país, e vem sendo pauta dos programas de privatizações promovidos por grande parte dos governos nos últimos trinta anos. A argumentação sobre a necessidade de privatizar a empresa mescla-se em argumentos de cunho econômico, administrativo, político e ideológico, que, de acordo com a conjuntura política e econômica brasileira, ganham mais ou menos força. Diante disso, o objetivo deste artigo é atualizar a discussão sobre a privatização da ECT, evidenciando seus conflitos políticos, interesses econômicos e os aspectos ideológicos das narrativas que avançam rumo à privatização da estatal brasileira de serviços logísticos. Além disso, buscamos ressaltar o papel social da ECT no território brasileiro, tendo como recorte temporal enfático as décadas de 1990, 2000 e 2010, pois é quando, de fato, iniciam-se as discussões sobre privatizar a empresa.