RESUMO A abordagem da história conceitual do político proposta por Pierre Rosanvallon se caracteriza pela combinação entre, de um lado, a tese do ineditismo do tempo presente e, de outro, a afirmação do recurso à historiografia como método para decifração e conceitualização das mudanças nas democracias contemporâneas. Este artigo analisa, a partir do cotejamento entre as dimensões formal-metodológica e substantiva de sua obra, como o recurso à narrativa histórica se articula com a elaboração de uma teoria das mutações democráticas contemporâneas. A hipótese é que tal articulação se ancora em uma filosofia da modernidade política expressa na forma de “aporias perenes” e numa narrativa histórica baseada na noção dupla temporalidade.