O diagnóstico tardio na perspectiva do itinerário terapêutico: grau 2 de incapacidade física na hanseníase

Abstract

Destacam-se casos novos de hanseníase com grau de incapacidade física 2 (GIF 2) que demonstram a ineficiente detecção oportuna. O artigo é um relato de casos e propõe analisar o diagnóstico tardio sob a perspectiva do itinerário terapêutico (IT), com base em um estudo qualitativo. O cenário foram dois municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista: Praia Grande e São Vicente. Realizou-se análise documental e entrevista em profundidade com quatro participantes. O material foi submetido à análise de conteúdo e definiram-se as categorias temáticas: cuidado em saúde; corpo na hanseníase; incapacidades na hanseníase; e diagnóstico tardio. Revelaram-se intrincados itinerários terapêuticos, marcados pela fragilidade do cuidado com erro e atraso no diagnóstico, que potencializaram os riscos individuais e coletivos e impactaram negativamente o cotidiano dos sujeitos.

Proporção de casos novos diagnosticados com grau 2 de incapacidade física na população com hanseníase do Estado do Pará, Brasil, no período de 2016 a 2020

“…A hanseníase tende a ter seu potencial incapacitante ignorado em relação a percepção e a relação das deficiências com a causa, pois, o tempo e o acesso para diagnóstico e tratamento são fatores preponderantes nas complicações causadas pela doença, com aumento da possibilidade de transmissão. O tempo e o risco, além da demora para o diagnóstico na hanseníase, elevam os riscos individuais e coletivos, com impactos negativos no cotidiano da população (Hespanhol;et al, 2021).…”

Time trend and identification of risk areas for physical disability due to leprosy in Brazil: An ecological study, 2001-2022

“…In our study, they accounted for 80.8 percent of the reported cases. The presence of leprosy disabilities is an indicator of late diagnosis and treatment [41][42][43]. This underscores the need to de ne and strengthen public health interventions aimed at early diagnosis and comprehensive care of people affected by M. leprae, especially those with severe forms of the disease, in order to reduce disability, mitigate associated stigma, and reduce disease transmission [42,[44][45][46].…”

Avaliação De Incapacidade Física Em Pacientes Com Hanseníase Nas Capitais Brasileiras: Uma Abordagem Por Análise Envoltória De Dados

“…Para determinar o GIF, testa-se a forc ¸a muscular e a sensibilidade dos olhos, mãos e pés, identificando e classificando deficiências sensório-motoras nesses segmentos, em três graus, variado de 0 a 2, sendo este último o mais grave, e ocorre quando há perda de sensibilidade protetora e/ou deformidade visível por lesão neural. Essa avaliac ¸ão orienta os servic ¸os de saúde sobre as práticas de prevenc ¸ão de incapacidades e serve para organizar as ac ¸ões de reabilitac ¸ão para esses pacientes (Brasil, 2016;Dharmawan et al, 2021;Hespanhol et al, 2021;Souza et al, 2020;Santos & Ignotti, 2022).…”