O Eclipse Solar de 1919 em revistas de divulgação científica: concepções sobre natureza da Ciência e possíveis implicações para o ensino de Ciências

Abstract

Na área da Educação em Ciências, estudos defendem a importância de discussões sobre Natureza da Ciência (NdC). Uma forma de inserir a NdC no ensino é por meio do uso da História e Filosofia da Ciência (HFC). O objetivo do presente artigo é identificar e analisar, em textos de revistas de divulgação científica, possíveis concepções relacionadas à NdC a partir do episódio histórico do Eclipse Solar de 1919. Construímos seis categorias acerca das concepções sobre NdC, utilizando a Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2011) e, como referencial teórico acerca da NdC, a pesquisa desenvolvida por Peduzzi e Raicik (2017). Como resultado, os textos apresentaram tanto concepções mais atuais quanto concepções menos atuais sobre NdC. No entanto, discutirmos que numa situação de ensino as concepções mais atuais podem passar despercebidas para professores e alunos e o material pode ser potencialmente utilizado pelo docente a fim de proporcionar uma melhor compreensão sobre a atividade científica. Por fim, defendemos que investir em formação dos professores, poderá possibilitar que os mesmos possam reconhecer concepções acerca da natureza do conhecimento científico nos materiais utilizados em uma situação no ensino de ciências.

Diálogos da educação científica e o ensino de química

“…Compreende-se que a divulgação científica feita por jornalistas, por cientistas e por educadores tem diferenças importantes devido a seu propósito, público-alvo e contexto. Nascimento (2008) e Strack, Loguércio e Del Pino (2009) analisam as compreensões destes sujeitos sobre o papel e as características da divulgação científica, apresentando questões para que as professoras e professores de Ciências reflitam sobre as interações entre a divulgação científica enquanto oportunidade não formal de aprendizado e o ensino formal de Ciências na escola, levantando questões pertinentes a esse contexto.…”

Formação em divulgação científica: uma análise das possibilidades de um curso de extensão

“…Precisa-se compreender também que a divulgação científica não se limita aos cientistas (BARAM-TSABARI; LEWENSTEIN, 2017). Professores da educação básica lidam de forma direta com materiais de DC, além de proporem atividades em sala de aula que exploram questões ligadas ao engajamento público da ciência (CERQUEIRA, 2021;FERREIRA;QUEIROZ, 2012;NASCIMENTO, 2008). Professores do ensino superior, além da possibilidade de atuarem produzindo materiais de DC, comumente promovem ações formativas (STRACK; LOGUÉRCIO; DEL PINO, 2007).…”

“…[Cursista 19] Moreira e Massarani (2016), ao analisarem as produções em divulgação científica, enfatizam ser fundamental que possamos desenvolver estratégias que permitam diminuir a fragmentação da rede de DC, ampliando colaborações e permitindo uma atuação mais integrada nessa área do conhecimento. Nascimento (2008) aponta, ao analisar como a divulgação científica é compreendida por diferentes grupos profissionais, que o contato com diferentes visões ajuda o profissional a decidir mais conscientemente qual caminho seguir.…”

“…Contudo, é necessário ressaltar que esses diferentes grupos profissionais possuem compreensões, necessidades e objetivos diferentes em relação ao trabalho com a divulgação científica. Nascimento (2008), ao mapear a compreensão de DC dos cientistas, jornalistas e professores, além de corroborar tal ideia, indica que o conceito de divulgação científica não está dado, portanto, ele precisa ser problematizado. Além disso, visto que existe uma polissemia, é preciso que os diferentes profissionais tenham clareza de qual viés estão assumindo e como pretendem trabalhar com a divulgação científica.…”

A natureza da Ciência na Base Nacional Comum Curricular: potencialidades e limitações

“…Esta visão é adotada por alguns professores da Educação Básica e Superior, muitas vezes de forma inconsciente, o que acaba propagando as visões deformadas por meio de anedotas e lendas como "a maça de Newton" e o "eureca de Arquimedes" (PÉREZ et al, 2001;PÉREZ, 2002;SCHEID;FERRARRI;DELIZOICOV, 2007;OKI;MORADILLO, 2008;FORATO;PIETROCOLA;MARTINS, 2011). Elas também podem ser encontradas em livros didáticos e materiais de divulgação científica (NASCIMENTO, 2019;MICELI;ROCHA, 2020).…”