Este artigo apresenta reflexões acerca das imbricações entre mulheres, casas, fazeres e territórios a partir de fragmentos das vidas de Urçula e Luzia, mãe e filha, que são mobilizados como testemunhos de temporalidades e territorialidades alargadas, desde os anos 1940 à contemporaneidade, do interior dos sertões cearenses a grandes capitais brasileiras como Fortaleza e São Paulo. Suas experiências evidenciam a necessidade de considerar o gênero ao tratar de moradia; o enlace entre diferentes casas na constituição de “configurações de casas” que funcionam em redes de relações alimentadas especialmente por mulheres; a imbricação entre os fazeres e o território, neste caso específico, do bordado em sua produção doméstica e suas implicações na dinâmica socioeconômica e espacial do distrito de Taperuaba, assim como nas configurações de casas das mulheres bordadeiras. Estas histórias revelam ainda redes de cuidado e práticas cotidianas, permeadas por deslocamentos físicos e sociais, refletindo uma intricada teia de relações cruciais para uma compreensão mais profunda das questões socioespaciais no Brasil, ressaltando a importância de reconhecer e valorizar a diversidade de formas de habitar e construir territórios.