O Impacto Da Covid-19 Na Saúde Mental Dos Estudantes E O Papel Das Instituições De Ensino Como Fator De Promoção E Proteção

Abstract

A pandemia de COVID-19 e as medidas de contingenciamento como o distanciamento social e a suspensão de atividades presenciais de ensino, apesar de imprescindíveis, podem desencadear maior desconforto emocional e aumento do risco de doenças psiquiátricas, em especial, entre os grupos mais vulneráveis. O objetivo desse artigo é discutir os efeitos da pandemia e das medidas de contingenciamento sobre a saúde mental dos estudantes e o papel das instituições de ensino como fator de promoção e proteção de saúde e bem-estar. Para tal, será considerada uma abordagem narrativa, com recortes de pesquisas sobre a saúde mental dos estudantes durante a pandemia e excertos de normativas e diretrizes educacionais sobre as medidas de prevenção e de enfrentamento da COVID-19 às instituições de ensino. Esta revisão evidencia que um número expressivo de estudantes, de diferentes níveis e modalidades de ensino, tiveram que lidar com os efeitos psicológicos causados pela ruptura da rotina pessoal e suspensão do ensino presencial. Os efeitos se revelaram na forma de sentimentos de medo, solidão, angústia, alterações de sono que podem evoluir para sintomas de estresse, ansiedade e depressão. As normativas e diretrizes educacionais, que regulamentam os sistemas educativos no Brasil, evidenciam que a educação deve abranger processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho e nas instituições de ensino. Desta forma, concluímos que é papel das instituições de ensino elaborarem planos que contemplem objetivos de aprendizagem que minimizem os impactos psicológicos impostos pela pandemia, contribuindo para a redução das desigualdades educacionais existentes.

Efeitos psicológicos em acadêmicas brasileiras em meio às mudanças no ensino causadas pela Pandemia da COVID-19

“…Mesmo antes do isolamento social, o uso intenso de redes sociais já causava em jovens, principalmente, um sentimento de comparação e dependência muito forte. Trabalhos realizados anteriormente à pandemia na Índia e nos Estados Unidos constataram uma forte correlação entre problemas de saúde mental e uso intensivo de internet, gerando uma interferência prejudicial na realização de atividades cotidianas (Mota et al, 2021;Silva & Rosa, 2021).…”

“…Com isso, a alteração da rotina, o distanciamento de pares, o atraso no andamento do curso, a interrupção de aulas práticas e estágios extracurriculares, a dificuldade de acesso e o obstáculo de se adaptar e encontrar uma nova maneira de estudo geraram ainda mais cobranças internas e externas nos universitários, o que pode causar desconforto emocional e intenso sofrimento psíquico, contribuindo com o aumento da ansiedade, do estresse e da depressão, além das mudanças comportamentais, como dificuldade para dormir e alterações alimentares (Carvalho & Sousa, 2021;Gundim et al, 2020;Silva & Rosa, 2021).…”

Realização Do Projeto “Educar Para Prevenir” De Forma Remota

“…A partir disso, esse ajuste na rotina demandado pela pandemia foi determinante na geração e criação de novas formas de ensino e metodologias que contribuem para o aprendizado, como é o caso da introdução da tecnologia nesse meio. 2,7,8 Essas práticas inovadoras de disseminação do conhecimento convergem com os valores das instituições de ensino por oportunizar o ensino e a constante capacidade de adaptação e inovação, estimulando estudantes na construção do seu próprio conhecimento. 7,9 Sendo assim, a extensão universitária constrói um aprendizado mais contextualizado com modelo de cuidado direcionado à comunidade, o que deve ser incentivado, pois o cuidado centrado na pessoa e a sua continuidade são as chaves para serviços de saúde em excelência, combinados com a prática colaborativa interprofissional orientada para a segurança do paciente.…”

Residência Pedagógica e a formação docente em tempos de pandemia: desafios e perspectivas dos licenciandos

“…Nas respostas, 88 (68%) participantes se sentiam mais felizes antes da pandemia, 31 (24%) não perceberam mudanças no seu nível de felicidade e 10 (8%) afirmaram que se sentem mais felizes atualmente do que antes da pandemia, como observado na Figura 5. Este resultado pode estar relacionado com as alterações emocionais dos estudantes frente às mudanças abruptas que ocorreram no cotidiano das pessoas após o surgimento da pandemia, afetando o seu grau de felicidade ou satisfação, uma vez que os estudantes tiveram que lidar com a ruptura da rotina pessoal e com incertezas relacionadas a continuidade do percurso acadêmico (Silva & Rosa, 2021). Na pergunta 14, foi questionado se os residentes se sentem mais preparados para aulas presenciais frente aos aprendizados obtidos neste período de pandemia.…”