O jornalismo e a reformulação da experiência do tempo nas sociedades ocidentais

Abstract

O objetivo deste texto é investigar a temporalidade produzida pela prática jornalística e os modos pelos quais o jornalismo tem a prerrogativa de construir um tipo específico de experiência social do tempo presente. Esta investigação cumpre uma trajetória histórica, embora não seja nossa intenção apresentar uma história da imprensa no sentido de uma história das instituições, gêneros particulares linguagens. Em vez disso, desenvolvemos um estudo histórico com o objetivo de identificar fenômenos sociais temporais produzidos pelo jornalismo, e para mostrá-los na forma de categorias descritivas, as quais oferecem regularidade para uma diversidade de fenômenos temporais: instantaneidade, simultaneidade, periodicidade, novidade e revelação pública. Além disso, este trabalho é um estudo teórico que utiliza elementos históricos para analisar, por meio de uma abordagem sociológica, aspectos fundamentais da constituição da temporalidade jornalística.

Periodicidade não atende às rotinas produtivas online dos arranjos de trabalho de jornalistas

“…Fundamentos das ciências dos jornais (2011), as características do jornalismo em periodicidade, universalidade, atualidade e publicidade. É a partir da classi cação de Groth que diversos autores (GENRO FILHO, 1987;FIDALGO, 2004;FONSECA, 2008;RODRIGUES, 2009;MEDITSCH e SPONHOLZ, 2011;FRANCISCATO, 2014;BARSOLTTI, 2014;XA-VIER e PONTES, 2019;MARQUES DE MELO, 2020) analisaram, em diferentes épocas, a periodicidade como uma propriedade intrínseca do jornalismo, sempre dependente do período histórico do desenvolvimento das técnicas e dos transportes.…”

The city in the memorial gestures of Zero Hora’s Cultura supplement: the chronotope of the chronicle and the columnists

“…While the flow of information followed the movements of commerce and capital, the journalistic institution, after gaining impulse with Modernity, became a kind of compass for facing the experience of great cities, especially from the nineteenth century onwards. In a reciprocal fashion, journalistic production and its textual practices adapted to urban daily life, while being in turn influenced by it, adjusting its abstract sense of time as well as the places which were to be brought into the spotlight or, conversely, hidden away (PARK, 1987;SCHUDSON, 2010, FRANCISCATO, 2005BENJAMIN, 1991).…”

De passagem: a etnografia como método de observação para contextos socioculturais na reportagem (Uma experiência etnográfica no Elevado João Goulart, o Minhocão, em São Paulo)

“…Esta última permeada pela discussão do tempo do jornalista e o tempo do antropólogo. A categoria "tempo" será analisada no quarto capítulo, no qual se discutirá a problemática dos tempos na atividade jornalística, com base nas ideias do "gerúndio como forma do tempo histórico" (BUCCI, 2021, p. 151), no tempo como "fabricação do presente" pelo jornalismo (FRANCISCATO, 2005), além das questões a respeito do "acontecimento e experiência" (SODRÉ, 2009).…”

“…A periodização, que orienta a sequencialidade temporal de jornais e revistas (afim à linearidade e sequencialidade do livro) é um exemplo de vinculação da experiência do tempo com os fatos da comunidade. Se o tempo cronológico já implica em si mesmo uma homogeneização da duração, o discurso informativo, acionado pelo tempo, constrói uma imagem de unidade de funcionamento do cotidiano(SODRÉ, 2009, p. 87).O que se quer sublinhar é que o tempo presente no jornalismo é uma fabricação(FRANCISCATO, 2005), ao longo do qual a produção jornalística transformou o presente em "fetichismo"(SCHUDSON, 1986), que veio se moldando a partir das revoluções burguesas e mudanças socioculturais. O tempo é um fenômeno sociocultural e não somente tecnológico, embora a noção de tempo presente, no jornalismo, tenha sido profundamente modificada pelas categorias simultaneidade e instantaneidade, que alteraram a noção de periodicidade na atividade jornalística.…”

“…O tempo é um fenômeno sociocultural e não somente tecnológico, embora a noção de tempo presente, no jornalismo, tenha sido profundamente modificada pelas categorias simultaneidade e instantaneidade, que alteraram a noção de periodicidade na atividade jornalística. A simultaneidade é um componente da atualidade jornalística(FRANCISCATO, 2005). Hoje temos um presente "inchado" e "estendido" que [...] "pode durar um milésimo de segundo, assim como pode durar alguns bilhões de anos.…”