Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. Resumo: Para além das atividades evangelizadora e missionária, a Companhia de Jesus teve destaque no estabelecimento de boticas e santas casas em locais onde os médicos e boticários especializados não eram encontrados. Nas reduções do Paraguai, no Brasil, além de partes ainda mais distantes, como Macau e Goa, esses religiosos tomaram para si a tarefa de cuidar, também, dos corpos dos habitantes, desenvolvendo, fabricando, aplicando, distribuindo e comercializando toda sorte de medicamentos. Entre os séculos XVI e XVIII, é encontrada uma série de obras que registrava suas experiências e indicações para a manipulação e aplicação desses remédios, verdadeiras coleções de receitas que conjugavam os saberes dos médicos mais destacados daqueles tempos com as preparações elaboradas em suas boticas, muitas vezes com ingredientes locais. No projeto de investigação em desenvolvimento, brevemente apresentado nesta nota de pesquisa, lança-se luz sobre quatro coleções de receitas produzidas, provavelmente por portugueses, no âmbito da Companhia entre os séculos XVII e XVIII, livros que, em grande medida, encontram-se manuscritos e que dão pistas sobre a ampla rede de informações e conhecimento produzida e transmitida entre os inacianos. A proposta busca interrogar a atuação dos jesuítas na confecção, elaboração e disseminação de mezinhas, considerando a organização das obras, o recurso ao conhecimento não religioso e local e as doenças ali mencionadas e medicadas.