Introdução. As neoplasias de colo possuem relevância epidemiológica mundial. Dada sua heterogeneidade molecular e clínica, o diagnóstico em estádios iniciais e tratamento precoce tornam-se essenciais para ganho de sobrevida. Outro fator determinante para a sobrevida e predição do desfecho dessas neoplasias diz respeito à localização primária da doença, destacando-se suas lateralidades. Objetivos. Investigar associação entre taxas de sobrevida e a localização à direita ou esquerda das neoplasias de colo. Métodos. Trata-se de estudo transversal com delineamento descritivo, abordagem quantitativa do tipo analítica, com correlação entre variáveis. Foram sujeitos do estudo pacientes atendidos em complexo hospitalar quaternário no interior de São Paulo entre 2010 e 2017. A coleta de dados aconteceu de forma retrospectiva e documental, a partir de fontes do Registro Hospitalar de Câncer e prontuários informatizados. Os dados sociodemográficos, clínico-patológicos e de sobrevida foram analisados pelo programa IBM SPSS Statistical Package v.25 (IBM Corporation) e apresentados em mediana, interquartis e curva de Kaplan Meier, conforme natureza dessas variáveis. Resultados. A amostra final de 691 pacientes teve maioria diagnosticada com neoplasias de colo esquerdo (n=392;56,7%), especialmente sigmoide (n=282;40,9%), com discreta predominância de homens (n=351;50,8%) e entre os estádios II (n=193;27,9%) e III (n=213;30,9%). Os adenocarcinomas tubulares foram o tipo morfológico mais frequente (n=477;69%). A idade variou de 14 a 97 (Mediana 63,7) anos. A maior parte dos pacientes se declararam brancos (n=623;90,2%) e proveniente das cidades do Departamento Regional de Saúde XV (n=408;59%). Ocorreram 296 (42,8%) óbitos no período, especialmente em portadores de neoplasia de colo à direita (n=149; 50,3%). O tempo de sobrevida global teve mediana de 807 dias (interquartil 25= 284; interquartil 75=1622), sendo de 866 dias para colo à esquerda e 675 dias para colo à direita. Conclusão. As neoplasias de colo direito podem ser vistas como possível preditor independente de óbito (sobrevida de 1,8 anos) quando comparadas com neoplasias de colo à esquerda (sobrevida de 2,4 anos).