O artigo explora os sentidos e as relações de prestígio em Borá, interior do Estado de São Paulo, a partir da etnografia realizada na festa de Santo Antônio, santo padroeiro homenageado desde o início do povoamento pelas famílias pioneiras. Os descendentes desses pioneiros são protagonistas na organização da festa e se orgulham da tradição do preparo das leitoas e do prestígio que atrai as elites locais. Se os “ricos” se interessam pelos leilões, os pobres e os arrastados (categoria nativa aplicada aos trabalhadores da usina de cana-de-açúcar) querem tentar a “sorte” no sorteio das leitoas (ou esperar que a sorte os “encontrem”), “curtir a festa”, conhecer mulheres e apreciar o “movimento” na pequena cidade. Considerando o papel de “festeiro”, a valorização das habilidades e técnicas na arte do preparo das leitoas, os marcadores de classe e experiências de lazer, busca-se pensar as diversas artes sociais e suas tramas no mundo das festas.