O Modelo de Falloon para intervenção familiar na esquizofrenia: Fundamentação e aspectos técnicos

Abstract

Os autores fazem uma retrospectiva da utilização de psicoterapia comportamental em famílias de pessoas com doença mental grave, nomeadamente esquizofrenia, focando o modelo de Falloon e colaboradores (Terapia Familiar Comportamental). Trata-se de uma intervenção unifamiliar, psicoeducativa, de inspiração comportamental, que pretende melhorar a capacidade de resolução de problemas no seio da família. Os resultados estão bem documentados em termos clínicos (menores taxas de recaída), psicossociais (melhor funcionamento socio-ocupacional, menor sobrecarga familiar) e económicos. Estas intervenções estão amplamente difundidas na Europa e EUA, e as suas indicações têm sido alargadas a diversos campos da psicopatologia do adulto, bem como da infância e adolescência. Em Portugal, o treino neste tipo de intervenções tem vindo a ser feito desde 1996, ainda que, paradoxalmente, sem tradução significativa na prática clínica de rotina. As dificuldades de implementação são parcialmente comuns a outras intervenções com famílias, constituindo uma área merecedora de investigação específica.

Effectiveness of behavioral family therapy in people with schizophrenia: a randomized, controlled clinical trial

“…Regarding the decrease in expressed emotion of the primary caregiver, since the pioneering studies of Brown (Brown, 1959;Brown & Rutter, 1966;Brown, Birley, & Wing, 1972), who associated the measure with the course of the evolution of schizophrenia, most subsequent studies have continued to explore this line. They have also associated the psychosocial intervention implemented in addition to pharmacological treatment with the decrease in expressed emotion (Vaughn, 1986;Gonçalves-Pereira et al, 2007;Bucci, Berry, Barrowclough, & Haddock, 2016;Grácio, Gonçalves-Pereira, & Leff, 2016;Leff, Kuipers, Berkowitz, Eberlein-Vries, & Sturgeon, 1982;Amaresha & Venkatasubramanian, 2012;McFarlane, 2016;Marvin, Miklowitz, O'Brien, & Cannon, 2016). As regards clinical symptoms, our study does not show a clear effect of FBT reducing them, which coincides with what has been reported by other previous studies (Lobban et al, 2013;Nilsen, Frich, Friis, Norheim, & Røssberg, 2016;Lobban & Barrowclough, 2016).…”

“…FBT uses highly structured, directive behavioral techniques for skills development such as assessing the skills and shortcomings of each family member and the family group as a whole, education, repeated practice, objective formulation, modeling, behavioral rehearsal, reinforcement, and task assignment. Europe has had extensive experience with FBT in countries such as the United Kingdom, Spain, Italy, and Portugal, where it has proved to have favorable effects on social functioning and a decrease in relapses (Gonçalves-Pereira, Xavier, & Fadden, 2007). In England, this therapy has achieved an advanced level of development; FBT has demonstrated an association with better social functioning and a reduction of relapses in people with schizophrenia coupled with a decrease in expressed emotion in the primary caregivers.…”

“…In England, this therapy has achieved an advanced level of development; FBT has demonstrated an association with better social functioning and a reduction of relapses in people with schizophrenia coupled with a decrease in expressed emotion in the primary caregivers. In Europe, Portugal is one of the countries that has achieved a high level of development in this area, through its liaison with and training in the MERIDEN Program (Gonçalves-Pereira et al, 2007;Burbach, Fadden, & Smith, 2010).…”

Intervenção familiar na esquizofrenia: Redução da sobrecarga e emoção expressa

“…Yacubian e Neto (2001) referem que utentes com esquizofrenia que vivem com familiares com uma emoção expressa alta tem um risco de recaída duas vezes superior aos que vivem com familiares com uma emoção expressa baixa, no espaço de 9 meses após a alta hospitalar. As intervenções de psicoeducação familiar têm-se revelado muito e cazes na prevenção de recaídas e dos reinternamentos, contribuindo para melhorar a recuperação das pessoas com esquizofrenia, e para preservar a saúde física e mental dos membros da família, bem como a qualidade de vida (Brito, 2006;Falloon, McGill, Boyd & Pederson, 1987;Gonçalves-Pereira, Xavier e Fadden, 2007;Lehman et al, 2004;McFarlane, Dixon, Lukens & Lucksted, 2003). A psicoeducação pode de nir-se como um conjunto de abordagens que tem como objetivos ajudar os doentes e seus familiares a aprender o que necessitam sobre a doença mental e a dominar novas formas de lidar com ela e com os problemas do quotidiano, bem como reduzir o stress familiar, providenciando suporte social e encorajamento, permitindo um enfoque no futuro mais do que um remoer mórbido do passado (Gonçalves-Pereira, Xavier, Neves, Barahona-Correa e Fadden, 2006;Lucksted, McFarlane, Downing & Dixon, 2012).…”

Facilidades e barreiras para aplicar a entrevista de 15 minutos com famílias na perspectiva do atendimento em saúde mental

“…A literatura aponta que a inclusão da família na assistência ao portador de transtorno mental traz benefícios para todo o grupo, pois contribui para melhorar o quadro clínico e a adesão ao tratamento, reduzir as taxas de recaídas e reinternações psiquiátricas, além de diminuir a sobrecarga familiar (CLASEN, KANTORSKI, SCHWARTZ, 2013;GONÇALVES-PEREIRA, XAVIER, FADDEN, 2012). Também a oferta de apoio e educação aumenta o conhecimento dos familiares, e promove sua saúde mental e estratégias de enfrentamento mais positivas (MACLEOD, ELLIOTT, BROWN, 2011).…”