O Papel Da Política Nacional Dos Resíduos Sólidos Na Logística Reversa Em Empresas Farmacêuticas

Abstract

A grande utilização de produtos fármacos em diversos segmentos da saúde vem se tornando um possível problema ambiental, uma vez que o descarte incorreto, feito pela população, dos resíduos no meio ambiente por falta de legislação especifica de retorno destes resíduos, ainda é uma realidade nacional. Esta lacuna proporcionada pela falta de legislação reflete diretamente nos processos de logística reversa da indústria farmacêutica. A criação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), lei federal 12.305 de 2010, busca exatamente suprir esta necessidade e propor ações de responsabilidade compartilhada em todos os elos da cadeia de suprimento. Esta pesquisa tem o objetivo de analisar o processo de logística reversa utilizado pela indústria farmacêutica no Brasil à luz da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), constituindo um estudo qualitativo, que envolveu a realização de entrevistas com gestores de empresas fabricantes de medicamentos, representante de classe, redes de farmácias e o órgão regulador do setor. Como resultados, pode-se observar uma extensa cadeia de suprimento, a qual é responsável pela distribuição dos medicamentos, porém, não ativa no processo reverso, com isto, identificou-se apenas um fluxo reverso para os medicamentos vencidos nas farmácias, não se preocupando com o último elo de consumo. Foram identificados como principais direcionadores da logística reversa na indústria farmacêutica os aspectos mercadológicos, operacionais, legais e custo. Por fim, observou-se que a cadeia de suprimento da indústria farmacêutica, desde o fabricante até as redes de farmácias, ainda não está preparada para atender as demandas da PNRS, embora exista uma articulação em curso visando ao atendimento dessas demandas.

Análise das práticas de logística reversa (LR) na região Sul Fluminense, após a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

“…A principal mudança em relação a gestão dos resíduos se deu com o destaque da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, acordos setoriais, LR, sustentabilidade operacional e financeira e envolvimento de padrões sustentáveis de produção e consumo (GRS-UFPE, 2014). Segundo esta lei, a LR seria parte importante para fazer o correto gerenciamento de resíduos e otimização do ciclo de vida dos produtos e estaria definida como um conjunto de procedimentos e atos que possam restituir os resíduos sólidos para as empresas (Luna & Viana, 2019). Desta maneira, a LR, principal instrumento da PNRS, é importante na gestão de resíduos e em vários outros ramos, além do automobilístico.…”

O papel do farmacêutico na logística reversa de medicamentos no Brasil: uma revisão integrativa

“…Uma categoria de resíduo sólido urbano em especial, chamados resíduos de medicamentos, anda ganhando notoriedade nas últimas duas décadas e sendo alvo de várias pesquisas e discussões frente a sua capacidade de poluição do solo e dos corpos hídricos, em decorrência do seu descarte incorreto (Ritchie et al, 2019). Haja vista que, com o aumento do uso de drogas, providências necessárias e eficazes precisam ser tomadas, com a intenção de impedir maior poluição ambiental (Luna, 2019).…”

Análise das práticas de logística reversa na cadeia de suprimentos de medicamentos no estado de São Paulo

“…O retorno dos produtos na indústria farmacêutica ocorre principalmente quando estes estão com a data de validade próxima ao vencimento ou vencidos, produtos ou embalagens danificados, recall, entrega incorreta ou atualização de produto (BRAVO; CARVALHO, 2015;KABIR, 2013;VIANA, 2017;VIANA, 2019;ELIAS;PATI, 2014). Sendo alguns produtos químicos de alto valor, o gerenciamento de devoluções de medicamentos, estoque vencido e recalls é necessário através da implementação de sistemas eficientes de LR para evitar roubo de carga e falsificação de medicamentos (KONGAR et al, 2015;ELIAS;PATI, 2014).…”

“…De modo geral, os produtos farmacêuticos retornados devem ser incinerados ou dispostos em aterros, após inspecionados e classificados (BLANKENSTEIN; CAMPOS et al, 2017;DAUGHTON, 2003;VIANA, 2017;VIANA, 2019;ELIAS;PATI, 2014;PADHI, 2019;STOCHER et al, 2018). Os principais métodos de descarte dos resíduos químicos, incluindo os medicamentos adotados pela PSC são: retornar à indústria; disposição em aterros, sempre que o resíduo for encapsulado ou desativado; em aterros com proteção ao sistema aquífero e de esgoto; incineração em contentores fechados; incineração a temperaturas médias; e decomposição química (BELLAN et al, 2012).…”

“…Os resíduos da incineração podem ser vendidos à indústria cimenteira para o abastecimento de seus fornos, desde que este material não seja um psicotrópico (LUNA, VIANA, 2019).…”